O Estado de S. Paulo
Depois das fabricantes de automóveis e caminhões, que já estão quase todas em fase de paralisação da produção, montadoras de máquinas agrícolas, de motocicletas e de autopeças também começam a fechar unidades temporariamente na tentativa de evitar a disseminação do novo coronavírus.
Hoje, a John Deere anunciou que vai fechar por tempo indeterminado as seis fábricas no País, algumas a partir desta quarta-feira e outras a partir se segunda-feira. Também anunciou hoje que vai suspender toda a produção a Moto Honda. A maior fabricante de motocicletas do País ficará parada entre 27 de março e 13 de abril, prazo que poderá ser postergado para o dia 20. Ao todo, 6,2 mil funcionários trabalham na planta de Manaus.
O movimento começa a puxar também as fabricantes de autopeças e entre as que já confirmaram paradas estão Bosch, Continental, Denso, Pirelli, Schaeffer e Tupy.
Até agora, somente duas marcas de automóveis, ambas instaladas em Goiás (Caoa e HPE – Mitsubishi e Suzuki) e duas de caminhões (Iveco e DAF) ainda não definiram se vão suspender a produção e dar férias aos funcionários. Outras 17 marcas já começaram a fechar as plantas nesta semana, grupo que engloba 38 fábricas com cerca de 110 mil trabalhadores.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor automotivo agrupa 65 fábricas, das quais 22 são de máquinas agrícolas e duas de máquinas para construção. Juntas, elas empregam atualmente 125 mil trabalhadores.
Tratores
As fabricantes de máquinas agrícolas vinham evitando as paradas por estarem ligadas ao setor agropecuário, que foi declarado como de atividade essencial no decreto do presidente Jair Bolsonaro. A preocupação era com os produtores agrícolas que estão em período de colheita, não podem ficar sem atendimento.
“Mesmo que haja algum plano individual de paralisação, montamos um esquema para atender o pós-venda, ou seja, os produtores, na produção de peças e assistência técnica”, afirma Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea.
Ele acrescenta que as empresas “estão tomando todas as atitudes em relação às pessoas que trabalham nas fábricas para proporcionar maior segurança” em relação ao coronavírus. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)