O Estado de S. Paulo
Após um fim de ano difícil, a indústria brasileira iniciou 2020 no azul. A produção avançou 0,9% em janeiro ante dezembro, com expansão em 17 das 26 atividades que integram a Pesquisa Industrial Mensal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado não animou especialistas, que se preocupam agora com os impactos do novo coronavírus sobre o setor industrial e a economia como um todo. “Sabemos que esse é um setor que será atingido tanto em suas cadeias de suprimentos quanto na demanda por seus produtos. Esse efeito ainda não deve ser tão sentido em fevereiro, mas já pode aparecer fortemente em março, com desabastecimento”, avaliou o economista-chefe da gestora de recursos Arazul Capital, Rafael Leão.
Em janeiro, a indústria ainda não tinha sido afetada pelo coronavírus, que teve início na China no fim de dezembro. “Vai ter impacto no recebimento de insumos, no comércio internacional. Mas a gente não tem ideia se vai aparecer em fevereiro, quando vai aparecer (no resultado da indústria)”, disse André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Macedo mencionou os relatos de falta de matéria-prima e componentes em alguns setores industriais brasileiros, como o de eletroeletrônicos, mas defendeu ainda não ser possível fazer uma estimativa sobre a contaminação da produção brasileira por essas dificuldades decorrentes da epidemia.
Destaques
Quanto ao avanço da produção em janeiro, o pesquisador do IBGE lembrou que os segmentos que mais se destacaram vinham de perdas nos meses anteriores e ainda mantêm um saldo negativo mesmo após a expansão no primeiro mês do ano. As influências positivas mais importantes foram de máquinas (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%), metalurgia (6,1%), produtos alimentícios (1,6%) e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim, Cotrim e Cícero)