Sinais tênues de maior confiança dos industriais

O Estado de S. Paulo

 

O setor secundário foi o que sofreu mais intensamente as consequências da recessão econômica e o que mais lentamente busca sair do marasmo. É do que trata a prévia da Sondagem da

 

Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), que ouviu 787 empresas entre os dias 2 e 17 de fevereiro. Cabe citar o período da pesquisa porque nele já estavam presentes as últimas mazelas que afetaram a economia global, como o ataque norte-americano ao Iraque que resultou na morte do general iraniano Qassim Suleimani e a epidemia do coronavírus que já causou mais de 2 mil mortes na China.

 

Entre janeiro e fevereiro, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 0,7 ponto porcentual e atingiu 101,6 pontos, marca idêntica à registrada em setembro de 2013, quando a economia brasileira vivia um momento melhor. O ICI é o resultado da média de dois outros indicadores.

 

O Índice de Situação Atual evoluiu de 99,7 pontos em janeiro para 101,4 pontos em fevereiro e o Índice de Expectativas teve uma ligeira queda, de 102 pontos para 101,7 pontos em igual período de comparação. Nos dois casos, o fato de os indicadores registrarem números superiores a 100 pontos revela que ambos estão no campo positivo da pesquisa, o que não havia ocorrido ao longo de todo o ano passado.

 

O sentimento de maior confiança corresponde apenas parcialmente aos fatos. Por exemplo, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) ainda é de 76,2%, porcentual idêntico ao de outubro de 2018. A indústria, portanto, continua operando com elevado nível de ociosidade.

 

Medida pela Sondagem da FGV, a confiança dos empresários industriais vem melhorando desde novembro de 2019. Isso se verifica tanto na série dessazonalizada como na série original. O que se deve ressaltar é que alguns empresários começam a manifestar mais otimismo com relação à economia e ao setor em que atuam.

 

Os números do desempenho do setor secundário relativos a janeiro de 2020 são conhecidos apenas parcialmente, pois não estão disponíveis as séries compiladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Será preciso esperar um pouco mais, portanto, para saber se houve efetivamente reação industrial e como esta se distribuiu pelo País. Da recuperação da indústria depende um crescimento saudável em 2020. (O Estado de S. Paulo)