O Estado de S. Paulo
O dólar emendou a terceira valorização seguida e, pela sétima vez somente em fevereiro, renovou o recorde nominal de fechamento no Plano Real. A moeda à vista terminou o dia cotada a R$ 4,3656, em valorização de 0,19%. Apesar disso, o Banco Central não atuou extraordinariamente ontem e apenas fez operações de rotina. A autoridade monetária também não prevê nenhuma medida excepcional no câmbio hoje. A divisa acumula ganho de quase 8,82% no ano.
A moeda dos EUA está se valorizando em todo o mundo e, ontem, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de divisas fortes, atingiu o maior nível em quase três anos. A causa dessa disparada é o melhor desempenho da economia americana em relação a outras, como a da zona do euro, a da China e a do Japão.
Questões internas também têm influenciado no comportamento do câmbio, especialmente por causa da Selic na mínima histórica de 4,25%. Na época dos juros altos, os investidores pegavam emprestado recursos em países com taxas mais baixas e aplicavam em outros com retornos mais altos.
Operadores do mercado vêm relatando ainda decepção com indicadores econômicos no fim de 2019. Comércio, indústria e serviços tiveram resultados negativos em dezembro.
Ruídos políticos também foram citados nas mesas de câmbio ontem. O rumor de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pudesse entregar o cargo ajudou a pressionar ainda mais o dólar. A saída dele, no entanto, foi descartada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Contudo, a persistência da valorização do dólar não é consenso. Embora não veja espaço para a moeda cair abaixo de R$ 4 até o ano que vem, o Itaú Unibanco estima o câmbio em R$ 4,15 tanto em dezembro de 2020 como no fim de 2021.
“Com a retomada de crescimento, devemos ver um fluxo de capital maior para o Brasil”, avaliou a economista do Itaú Unibanco Julia Gottlieb. O banco manteve ontem a projeção de alta do PIB em 2,2% este ano e 3,0% em 2021.
Bolsa
O Ibovespa teve valorização de 1,34%, encerrando em 116.517,59 pontos, embalado por balanços trimestrais melhores do que o esperado.
“Os resultados têm vindo sólidos e mostram o vigor das empresas brasileiras no último trimestre de 2019”, afirmou o economista-chefe da Nova Futura CTVM, Pedro Paulo Silveira.
O movimento da Bolsa ontem também foi creditado à melhora do cenário externo. Os índices americanos Nasdaq e S&P 500 renovaram recorde de fechamento.
Retomada
“Com a retomada do crescimento da economia, devemos ver um fluxo de capital maior para o Brasil”, Julia Gottlieb, econom ista do Itaú Unibanco. (O Estado de S. Paulo/Altamiro Silva Júnior e Simone Cavalcanti)