AutoIndústria
A Nissan interromperá temporariamente, a partir do dia 14, a produção de veículos na fábrica de Kyushu, Japão, devido à falta de componentes. A montadora, afirma a imprensa japonesa, está com dificuldade para adquirir componentes produzidos na China e já estaria determinada a parar a produção de outra linha japonesa dedicada exclusivamente à exportação em 17 de fevereiro.
O surto de coronavirus tem forçado as empresas da China, maior polo produtivo e mercado mundial de veículos, seguirem com boa parte de suas linhas de montagem interrompida ao longo desta semana. Fabricantes que esperavam retomar as atividades a partir de hoje, após o longo feriado do Ano Novo Chinês, entre o fim de janeiro e a primeira semana de fevereiro, decidiram retardar a volta ao trabalho por alguns dias.
A SAIC Volkswagen Automotive adiou a retomada da produção em suas fábricas por mais sete dias, até 17 de fevereiro, quando também a unidade de Tianjin da FAW-Volkswagen Automotive deve ser reaberta. A Honda prevê que suas três fábricas em Wuhan voltem a operar no dia 13 e o Grupo PSA espera reativar três plantas que tem com a Dongfeng na cidade um dia depois.
A Toyota estendeu a paralisação de doze fábricas de veículos e componentes que possui em Tianjin, na província de Guangdong, até 16 de fevereiro. Já a BMW, informam agências internacionais, planeja reativar a linha de Shenyang somente daqui uma semana.
Outras montadoras já enfrentam idêntico problema em países vizinhos, onde os estoques de componentes são naturalmente menores devido a proximidade dos fornecedores localizados na China. É o caso da Hyundai, que na semana passada suspendeu a produção em algumas de suas fábricas na Coreia, e da Renault Samsung, que não trabalhará no país por quatro dias a partir de 11 de fevereiro.
Também na semana passada, Mike Manley, CEO da FCA, sem revelar qual planta e produtos podem ser afetados, admitiu a possibilidade de ter que interromper a produção em uma fábrica na Europa ainda este mês, caso o fornecimento de peças chinesas não seja regularizado.
“É uma consequência inevitável do aprofundamento e disseminação do impacto econômico do coronavírus, especialmente nas cadeias de suprimentos industriais. Muitas fábricas na província de Wuhan e Hubei estão trancadas desde o início do feriado do Ano Novo Chinês”, analisa David Leggett, da GlobalData, consultoria inglesa.
“Os problemas da FCA fora da China provavelmente serão refletidos por outros fabricantes de veículos e refletem a internacionalização das cadeias de peças e a predominância de processos de fabricação enxuta just-in-time que mantêm o estoque baixo”, acrescenta Leggett, que vê as próximas semanas como críticas para as montadoras. (AutoIndústria)