O Estado de S. Paulo
Com crescimento de vendas superior ao do mercado total por dois anos seguidos, a Volkswagen acelera sua estratégia de focar lançamentos em utilitários-esportivos (SUVs), segmento que teve vendas de 590 mil unidades no ano passado, ou 22% de todos os automóveis e comerciais leves adquiridos pelos brasileiros.
O modelo considerado fundamental para a marca, o Nivus, chega ao mercado neste semestre com o feito de ser o primeiro carro desenvolvido no País que também será produzido na Europa a partir de 2021. “Será mais um carro-chave para nós e tem a importância de ter sido desenvolvido no Brasil”, afirma Pablo Di Si, presidente da Volkswagen no Brasil e América Latina.
“Não é só o design, mas toda a tecnologia e a parte de infotainment (informação e entretenimento) foram desenvolvidos aqui no Brasil, por brasileiros”, diz ele ao Estado.
O executivo conta que os alemães gostaram tanto do projeto que decidiram produzi-lo também na Espanha, de onde será distribuído para o mercado europeu, fato inédito na história da montadora no País. “Agora a Europa olha para nós como uma indústria de talento, pesquisa e desenvolvimento”, afirma Di Si. Segundo ele, a filial brasileira poderá até mesmo receber royalties pelo projeto.
“Para nós, o que vale mais é o reconhecimento de que o Brasil sabe desenvolver carros do início ao fim; acho que é o maior elogio para nossa organização”, afirma Di Si. “O País está elevando a qualidade dos seus carros”. Na Europa, o Nivus será produzido até o fim do ano. No Brasil, as primeiras unidades para testes já estão passando pela linha de montagem da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Di Si informa que o Nivus é mais alto que um sedã e mais baixo que um SUV convencional. “É quase um novo segmento pela faixa de preço que terá”, diz, sem entrar em detalhes. As apostas do mercado é que custe entre R$ 75 mil e R$ 80 mil.
Além do Nivus, entre os cinco lançamentos anunciados pela marca para este ano haverá mais um SUV, o Tarek (nome provisório), que virá da Argentina. No ano passado, a montadora lançou o T-Cross, fabricado em São José dos Pinhais (PR). Em 2021 deve chegar mais um membro dessa família, provavelmente um mini SUV que sairá da filial de Taubaté (SP).
Plano de investimento
Nos próximos meses a Volkswagen vai anunciar um novo plano de investimentos para o período 2021 a 2025. O atual, de R$ 7 bilhões, está na fase final.
O executivo diz que aguarda o resultado de negociações com fornecedores, concessionários e governos para fazer o anúncio. Com os trabalhadores já houve acordo. O objetivo é reduzir custos produtivos para ganhar competitividade.
O mesmo foi feito pela General Motors antes de anunciar, no ano passado, plano de R$ 10 bilhões até 2014 e também está ocorrendo com a Ford para definir investimentos na Bahia.
Em 2019, a Volkswagen vendeu 414,5 mil automóveis e comerciais leves, 12,6% a mais que em 2018, ano em que já havia registrado alta de 35% nos negócios. Em igual período o mercado total cresceu 7,7% e 13,8%, respectivamente. A produção da marca aumentou 12,3%, para 486,9 mil unidades, enquanto a indústria cresceu 2,1%. E isso ocorreu mesmo com a perda de 50 mil carros que deixaram de ser exportados para a Argentina.
Di Si informa que, apesar da perda de exportações aos argentinos, a VW exportou mais para mercados como México, Peru e Colômbia. Neste ano, iniciará entregas para a África do Sul. O executivo, contudo, mantém críticas à alta carga tributária sobre as exportações. “O mundo não vai pagar o imposto do Brasil, pois pode comprar de China, Estados Unidos ou México”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)