Desemprego atinge 12,6 milhões de brasileiros

O Estado de S. Paulo 

 

A taxa de desemprego se manteve em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, o mesmo patamar registrado no trimestre até julho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é compatível com um “crescimento da economia aquém do esperado”, avaliou o economista-chefe da consultoria Parallaxis Economics, Rafael Leão. “Não muda nossa avaliação de que o mercado de trabalho se recupera de maneira muito lenta, dado que a recuperação da economia também está lenta”, afirmou Leão.

 

O País ainda tem mais de 12,6 milhões de desempregados. Se contabilizada toda a população que está subutilizada e disponível para trabalhar, é possível dizer que está faltando trabalho para quase 28 milhões de pessoas.

 

O Brasil atingiu o maior contingente de pessoas trabalhando no trimestre encerrado em agosto, 93,631 milhões de brasileiros. O mercado de trabalho registrou, porém, nível recorde de informalidade, com 38,763 milhões de trabalhadores informais. A estimativa considera os empregados do setor privado sem carteira assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira assinada, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, os empregadores sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar.

 

“Em resumo, esses dados da Pnad continuam a mostrar a lenta recuperação do mercado de trabalho, com ênfase no trabalho informal e com preocupação com a massa de rendimentos e com a renda nominal e real”, disse o economista-chefe da Caixa Asset, Rodrigo Abreu.

 

O total de pessoas atuando por conta própria e trabalhando sem carteira no setor privado subiu ao maior patamar da série histórica. Hoje, 41,4% dos trabalhadores na ativa são informais. Como consequência, o porcentual de pessoas ocupadas no mercado de trabalho que contribuem para a Previdência Social desceu a 62,4%, menor resultado desde 2012.

 

“Esse dado é interessante, porque você tem uma população ocupada que cresce, inclusive bate o próprio recorde, no entanto, a alta na contribuição previdenciária, que podia ser esperada, não ocorre”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

 

Segundo Beringhy, mesmo nos setores tradicionalmente mais formais – como a indústria e o setor de informação, comunicação e atividades financeiras – não registraram avanço significativo nas contratações com carteira assinada. Na indústria e na construção, por exemplo, houve aumento no trabalho por conta própria no trimestre encerrado em agosto.

 

“A informalidade cresce porque você não tem, dentro do mercado de trabalho, reação de postos com carteira (assinada)”, afirmou Beringuy. “Você tem mais pessoas trabalhando. No entanto, essa inserção não se dá pelo vínculo tradicional que a gente tinha antes no mercado de trabalho”, completou. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim/0haís Barcellos e Iander Porcella)