Cadeia automotiva: reaprendendo a negociar

AutoIndústria

 

O futuro da cadeia automotiva e as compras do setor pós-revolução digital foram os temas centrais de dois debates durante o Automotive Business Experience, ABX19, realizado segunda-feira, 27, no São Paulo Expo. Em ambos, os palestrantes destacaram a importância da colaboração entre montadoras e fornecedores e eventuais parcerias para o setor avançar.

 

O diretor de compras da Toyota, Celso Simomura, lembrou que uma prioridade é deixar de ser uma indústria automobilística para se tornar uma empresa de mobilidade. Nesse sentido, há muito a avançar na área de compras: “É preciso reaprender a negociar. Nós, por exemplo, temos um treinamento na matriz sobre como negociar software”, contou o executivo.

 

O importante, segundo ele, são as oportunidades em curso no setor. “Vamos lançar o Corolla Híbrido Flex este ano no Brasil. É uma oportunidade para nossos fornecedores trabalharem em novas tecnologias. Não é uma revolução, mas é uma evolução”.

 

Além de Simomura, também participaram do painel “As compras automotivas pós-revolução digital” a gerente de compras da FCA Fiat Chrysler, Marluce Borges, o gerente de compras e funções centrais da Volkswagen, David Padrão, e o diretor de supply chain para o Mercosul da General Motors, Reinaldo Lanza.

 

Marluce destacou a importância do trabalho conjunto na cadeia automotiva, assim como a necessidade de envolver o fornecedor no projeto desde a sua concepção: “Quando falamos em FCA são R$ 17 bilhões de compras por ano. Colaboração e agilidade são peças fundamentais para toda essa engrenagem funcionar bem”.

 

A gerente da FCA informou ainda que a empresa vem trabalhando diretamente com startups. “Passamos por um processo de transformação, o jeito de comprar hoje é diferente. Dentro do conceito indústria 4.0, algumas empresas, principalmente as globais, já estão adequadas aos novos tempos. Mas ainda há problemas com alguns fornecedores. Tem de mudar, mas ainda vai levar um tempo”.

 

David Padrão, da Volkswagen, disse que a empresa vem realizando parcerias colaborativas, como a feita com a IBM, por exemplo, e admitiu que ainda há fornecedores com dificuldades para se adequarem à era digital: “O Rota 2030 é importante nesse sentido porque contribuirá para investimentos no setor”.

 

Na avaliação de Reinaldo Lanza, da GM, a transformação digital está melhorando a eficiência na comunicação: “O banco de dados em compras hoje é muito maior. Temos tudo mapeado na cadeia, incluindo tears 2, 3 e demais”.

 

No painel “Complexidade e colaboração: o futuro da cadeia automotiva”, os dois participantes – Letícia Mendonça, diretora da unidade de catalisadores automotivos da Basf, e Marcos de Oliveira, presidente da Iochpe – destacaram a necessidade de parcerias no setor para garantir retorno dos investimentos em prazo mais curto. “Só com colaboração será possível atingir resultados financeiros e tecnológicos”, comentou Oliveira. “A troca de experiência tem de começar dentro do grupo e se estender para os fornecedores.”

 

Também Letícia Mendonça avalia ser necessário diluir o risco do negócio para ter retorno. É nesse sentido que considera fundamental maior colaboração entre as empresas e mesmo parcerias para acelerar o retorno dos investimentos. “Criamos um espaço aqui no Brasil, o Nono, que é pioneiro no grupo e reúne startups, universidades e demais parceiros para troca de informações e de experiências”. (AutoIndústria)