“O dia a dia não mudou com a prisão de Carlos Ghosn”

Isto é Dinheiro

 

Em que ponto a empresa se encontra em termos de investimento e trajetória no Brasil?

Encerramos um ciclo de R$ 3,2 bilhões, com o lançamento de uma fábrica de injeção de alumínio e a expansão, em Curitiba, da fábrica de motores, que faz cabeçotes e blocos de motores de alumínio. Já produzimos 4 milhões de motores. Agora temos quatro fábricas no nosso complexo no Paraná. Também lançamos o Kwid no Brasil e passamos a produzir aqui a Captur. Agora, estamos avaliando um novo ciclo de investimento baseado no Rota 2030.

 

Quando esse plano começa? Será anunciado este ano?

Estamos conversando. O Rota 2030 deu a visibilidade necessária para planejar o médio e o longo prazo. A indústria exige muito capital. É importante ter claras as regras do jogo.

 

Vocês investirão independentemente de novas isenções de imposto? A GM ameaçou deixar o País antes de ganhar novos incentivos e a Ford fechou a sua fábrica no Grande ABC?

Cada empresa tem a sua história no Brasil. Nos últimos 10 anos crescemos bastante. No ano passado, tivemos o nosso recorde de vendas, graças a sucessos dos produtos lançados. No primeiro trimestre deste ano, crescemos mais 10% e ganhamos participação de mercado. Chegamos a fatia de 8,9%. A expectativa do mercado é de que se venda 2,75 milhões de veículos de passeio e comerciais leves, um crescimento de 11% em relação a 2018. E estamos ganhando participação de mercado.

 

A prisão do Carlos Ghosn prejudicou as operações de alguma forma, já que ele era muito importante para a estratégia da empresa?

O dia a dia não mudou. Continuamos operando como sempre. A Renault anunciou em janeiro os seus novos presidentes do conselho de administração (Jean-Dominique Senard) e CEO. Mas, desde o primeiro dia, o Thierry Bolloré assumiu como CEO interino e manteve o comando.

 

Como a Renault está se preparando para o futuro?

Estamos vendo uma transformação da indústria automobilística, com os carros elétricos, autônomos e compartilhados. Esta é a grande vantagem de fazermos parte do maior grupo automotivo do mundo, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi: ter escala para poder investir em novas tecnologias. Isso exige muito capital. O mundo está mudando muito rapidamente. No passado, a montadora fazia tudo sozinha. Hoje há mais gente pensando em mobilidade. Como o cliente está mudando, muitas vezes a gente não enxerga tudo que está acontecendo. Temos hoje dois centros no Brasil. O Creative Lab, que trata de processos fabris melhores e tecnologias como impressão 3D, e o Digital Hub em São Paulo, que busca acelerar a eficiência de processos internos. Agora, fechamos uma parceria para atuar no Cubo (espaço de startups do Itaú). (Isto é Dinheiro/Com Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil)