Por R$ 59 mil, Argo Trekking valoriza mais o custo do que a aventura

AutoIndústria

 

A Fiat inventou as versões aventureiras de carros de passeio há duas décadas no Brasil. Foi um achado de marketing que colocou a station wagon Palio Weekend no topo da preferência do segmento. A fórmula deu tão certo que acabou copiada, sem nenhum constrangimento, pela maioria das concorrentes também em hatches e até nos movolumes.

 

Mesmo com a ascensão vigorosa do utilitários esportivos nos últimos cinco anos, há ainda espaço para versões de veículos mais baratos e que sugerem uma imagem menos convencional de um carro urbano e agradam o consumidor que valoriza o aspecto robustez ou que, de fato, acredita que um modelo com distância até o solo maior pode suprir suas necessidades mínimas de descolamentos em estradas chão batido, por exemplo.

 

Há diversos exemplos no portfólio de várias marcas no mercado interno, principalmente hatches. À pioneira Fiat, contudo, faltava um representante no segmento. Pois já a partir desta semana caberá ao Argo Trekking, com o conhecido motor 1.3 de 109 cv (com álcool) e câmbio manual, eliminar essa lacuna na linha da montadora.

 

Apresentada oficialmente nesta quarta-feira, 24, a nova versão é, digamos, menos aventureira do que a veterana Palio Weekend Adventure, que chegou a dispor até mesmo de sistema de bloqueio de diferencial. Como nos concorrentes atuais, seu apelo está mais no visual do que nas intervenções técnicas.

 

De fato, neste aspecto, a engenharia da Fiat não precisou dispender de tantas horas de trabalho assim. Lançou mão da equação de amortecedores e molas específicas que asseguraram vão livre para o solo de 21 centímetros, 4 centímetros a mais do que os demais Argo e também superior às dos  concorrentes, com pneus de uso misto 205/60R15 91H S-ATR WL, exclusivos para a versão. Nada além.

 

Além da maior distância do solo, o ar aventureiro fica evidenciado no Argo Trekking somente mesmo pelas molduras nos para lamas e adesivo em parte do capô, a exemplo do que se vê no Jeep Compass.

 

Herlander Zola, diretor da marca na América Latina, diz que a ideia não era mesmo reeditar no Argo uma Adventure, tanto que a nomenclatura não foi utilizada. A Trekking tem a pretensão de mesclar alguma esportividade, por isso adota aerofólio integrado na tampa do porta-malas, pintura bitom, escapamento diferenciado e abusa de adesivos que sugerem dinamismo.

 

Por dentro, os diferenciais para os demais Argo ficam por conta de alguns acabamentos e pelos bancos exclusivos para a versão, que manteve a multimidia de 7 polegadas que se integra com o Apple Carplay e AndroidAuto.

 

Outra importante diferença para as Adventure da Palio Weekend, Strada ou do Doblò: a Trekking não será a versão topo do Argo. Na verdade, estará na faixa intermediária. O preço sugerido é de R$ 59 mil. Caso o consumidor opte por roda de liga leve e câmera de ré, os dois únicos opcionais, desembolsará mais R$ 2 mil.

 

Zola entende que com esse pacote de conteúdos e por esse valor o Argo Trekking  será um forte concorrente para o Hyunday HB20 X, que custa a partir de R$ 63,8 mil, e Renault Sandero Stepway, cujo preço inicial é R$ 60,8 mil. A Trekking, calcula o executivo, deve representar algo entre 10% a 15% das vendas de Argo no Brasil até o fim do ano.

 

“E muito disso será adicional. Até agora, quem procurava uma versão com essas características recorria aos carros da concorrência”, reforça Zola, que espera que o hatch encerre 2019 entre os cinco veículos mais vendidos do País. O modelo encerrou o primeiro trimestre na sétima posição, com 16,2 mil unidades licenciadas.

 

O diretor da Fiat antecipou que a empresa estuda outras versões Trekking com motor 1.8  e câmbio automático. Não confirmou seu lançamento, entretanto. Ou mesmo se elas integram o pacote de 15 novos produtos, entre veículos novos e versões, previstos para o mercado interno entre 2018 e 2023. (AutoIndústria/George Guimarães)