Nissan remove Ghosn de conselho de administração

Portal Isto É/Agência Ansa

 

Os acionistas da montadora japonesa Nissan aprovaram nesta segunda-feira (8) a remoção do executivo brasileiro Carlos Ghosn do conselho de administração da empresa.

 

Ele ocupava um assento no colegiado havia quase 20 anos e agora é acusado de fraude fiscal e má conduta financeira.

 

O ex-presidente da Nissan, da Mitsubishi e da Renault será substituído pelo novo mandatário da companhia francesa, Jean-Dominique Senard, que prometeu manter sólidas relações entre as três empresas, que formam uma aliança automotiva.

 

“Vou dedicar minhas energias a reforçar o futuro da Nissan”, garantiu Senard. O anúncio do resultado da votação foi recebido com aplausos dos mais de 4 mil acionistas reunidos em um hotel de Tóquio para uma assembleia convocada de forma extraordinária para discutir o futuro de Ghosn.

 

Os acionistas também aprovaram a remoção do americano Greg Kelly, que é acusado de colaborar com o brasileiro em seus supostos crimes. Antes da votação, os executivos da Nissan se desculparam pelo escândalo, e alguns acionistas chegaram a cobrar que toda a diretoria da montadora renunciasse.

 

“Peço desculpas por todas as preocupações e problemas que causamos”, disse o CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, voltando a afirmar que havia muita “concentração de poder” na figura de Ghosn.

 

O executivo brasileiro havia passado 108 dias na cadeia e sido libertado em 6 de março, mediante pagamento de fiança de 1 bilhão de ienes (equivalente a mais de R$ 33 milhões), mas acabou detido novamente na última quinta (4), após mais uma acusação de má conduta financeira.

 

Segundo a nova denúncia, US$ 5 milhões enviados por uma subsidiária da Nissan para uma distribuidora de veículos em Omã foram desviados para uma companhia controlada por Ghosn. Antes disso, ele já era acusado de ter subnotificado rendimentos e de ter transferido recursos ilegalmente para a Arábia Saudita.

 

Seu período de prisão preventiva termina em 14 de abril, porém pode ser prorrogado por mais 10 dias. Ghosn, 65 anos, alega inocência e havia acabado de anunciar que faria uma coletiva de imprensa em 11 de abril para “contar toda a verdade sobre o que está acontecendo”. No pedido de prisão, o Ministério Público argumenta que o executivo poderia adulterar provas ou fugir.

 

Em função do escândalo, o brasileiro foi demitido da presidência da Nissan e da Mitsubishi e renunciou ao comando da Renault – as três montadoras formam uma aliança automotiva. Ele diz ser vítima de “complô” e “traição” por parte dos executivos da Nissan, que planejam mudar os termos da parceria com a Renault.

 

Atualmente, a montadora francesa tem 43% das ações do grupo japonês, com direito a voto, enquanto a Nissan, que é mais lucrativa, possui 15% da Renault, sem direito a voto. (Portal Isto É/Agência Ansa)