AutoIndústria
Diante dos fortes rumores de que a Caoa assumiria a produção de caminhões da Ford no Brasil, os metalúrgicos da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) decidiram nesta terça-feira, 2, retornar aos seus postos de trabalho. Eles estavam em casa desde 19 de fevereiro, quando a montadora informou sobre a suspensão, em novembro, das suas operações no ABC paulista.
Até o início da tarde desta terça-feira, Ford e Caoa não haviam confirmado a assinatura de um acordo de confidencialidade sobre negociações envolvendo o complexo de São Bernardo, conforme notícia veiculada inicialmente pela agência Reuters no sábado, 30.
Desde a semana passada os trabalhadores já tinham assembleia agendada para esta terça-feira, quando decidiram retomar a produção após 42 dias paralisação. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, a decisão faz parte da estratégia de luta.
“Para a fábrica interessa produzir, pois tem compromissos comerciais. De nossa parte, nos interessa que os investidores tenham como conhecer o funcionamento da fábrica, como é o processo de produção e, principalmente, a qualificação dos trabalhadores”, comentou o sindicalista, que na semana passada informara que o governador João Doria teria garantido que havia avanços por parte de um dos grupos interessados na compra da fábrica.
No mês passado a própria Caoa, grupo brasileiro que domina a rede de concessionárias Ford e produz no Brasil veículos com a marca coreana Hyundai e a chinesa Chery, confirmou tal interesse. Procurada nesta semana, no entanto, a empresa nada comentou sobre eventuais avanços nessa negociação.
Durante a assembleia desta terça-feira, o coordenador do Comitê Sindical da Ford, José Quixabeira de Anchieta, comunicou aos trabalhadores que as negociações com a empresa para o encerramento dos contratos em novembro deste ano estão avançando. De acordo com o sindicalista, o pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) já está garantido e no momento estão em discussão itens como data-base deste ano e valor das indenizações.
“Estamos num caminho positivo. Não tínhamos luz no fim do túnel, mas já começa a aparecer a possibilidade de dar certo. Falta pouco para fechar os pontos desse pacote de negociação e colocar em votação com vocês numa futura assembleia”, explicou Anchieta na reunião de ontem cedo.
Antes do anúncio do fechamento da fábrica do ABC os operários estavam trabalhando três dias por semana. Agora no retorno, segundo informou Anchieta, serão dois dias de trabalho por semana, o necessário para produzir 1,7 mil automóveis Fiesta e 843 caminhões até o fechamento da planta.
O presidente do sindicato reforçou o avanço nas negociações com a montadora: “A Ford precisa pagar um preço pela sua decisão. Temos um acordo que garante a estabilidade até novembro, porém não queremos aguardar até lá. Gostaríamos de já em abril realizar uma assembleia trazendo uma boa notícia”. (AutoIndústria)