AutoIndústria
Lançados em meados do ano passado, Yaris e Yaris Sedan, mais do que as esperadas vendas adicionais para a Toyota, têm representado, na verdade, um banho de água fria no desempenho do Etios e Etios Sedan, modelos mais baratos da marca e que há anos ocupavam a segunda e terceira colocações entre os carros mais vendidos da montadora.
Hoje são, respectivamente, apenas o quarto e quinto colocados e aparecem muito atrás dos principais concorrentes diretos em seus respectivos segmentos. Com 2,6 mil unidades nos primeiros dois meses do ano, o Etios é somente o 38° carro no ranking do mercado interno, enquanto o Etios Sedan surge na 47ª colocação, com menos de 1,8 mil veículos. O Sedan é apenas o nono e último lugar entre os sedãs compactos.
A drástica queda nas unidades emplacadas é flagrante na comparação anual. Levantamento da Fenabrave indica 6 mil Etios e 4,7 mil Etios Sedan emplacados no primeiro bimestre de 2018 – os recuos, grosso modo, são então da ordem de quase 60% em um mercado que cresceu 16% no mesmo período.
Os principais concorrentes agradecem esse canibalismo protagonizado pelo Yaris. Afinal, não foram poucas as montadoras que temiam enfrentar mais um “blockbuster” da Toyota além do Corolla.
Mesmo com a chegada dos Yaris e sua boa aceitação, o desempenho total da marca acusa a falta de fôlego. A montadora detém, em 2019, 7,5% de participação em automóveis, contra 7,6% no primeiro bimestre do ano passado e 8,4% ao longo de 2017.
A Toyota sabia que o coberto produtivo era curto. Tanto que reconheceu que teria de reduzir a oferta dos modelos de entrada para colocar os Yaris em linha. O problema é que, mesmo com o terceiro turno, Etios e Etios Sedan não reverteram a curva descendente dos últimos meses, ainda que revendedores digam que só não vendem mais por falta de oferta.
Ainda assim, os números do primeiro bimestre mostram que só o logotipo da Toyota já não será suficiente para sustentar o desempenho de mercado e atenuar o desenho defasado dos Etios, evidenciado com a chegada do próprio Yaris e de vários concorrentes na mesma faixa de preço.
O estilo, aliás, foi sempre o ponto mais fraco do modelo, lançado em 2012 também sob uma enxurrada de críticas quanto ao acabamento interno, algo reconhecido meses depois pela própria montadora, que tratou de modificar até mesmo o painel de instrumentos.
Era risco calculado, de qualquer forma: a empresa optara por trazer para o Brasil o mesmo carro que apresentara dois anos antes na Índia, um mercado sabidamente de consumidores bem menos exigentes em vários aspectos, em especial o estético.
Agora, contudo, necessitará bem mais do que confiabilidade, um bom motor e comportamento dinâmico elogiável, os três atributos que incentivaram inicialmente as vendas e suplantaram suas deficiências. (AutoIndústria/George Guimarães)