Petrobras prepara PDV e deve fechar sede de SP até junho

O Estado de S. Paulo

 

A Petrobrás pretende até junho desativar sua sede administrativa em São Paulo e lançar um novo Programa de Demissão Voluntária. Além disso, a estatal planeja fechar unidades incluídas em seu plano de desinvestimento que não despertarem interesse dos compradores, o que pode levar a mais demissões. Os planos do atual comando da petroleira foram revelados aos funcionários na última segunda-feira por um recém contratado gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, durante uma reunião para explicar apenas a desativação da sede da Avenida Paulista, onde trabalham 700 pessoas.

 

Nas declarações do executivo, gravadas em áudios que circularam pelas redes sociais ontem, ele afirma ainda que em 2015 a Petrobrás estava literalmente falida, e que se as demissões não forem realizadas, “daqui a duas décadas essa empresa não existirá mais”.

 

Um grupo de sindicalistas que aguardava o gerente para uma reunião na sede da companhia no Rio reagiu com repúdio às declarações de Costa, e se recusou a deixar o prédio antes de esclarecer as declarações do executivo que trouxeram inquietação aos funcionários.

 

“Viemos (cerca de 15 pessoas) para uma reunião da comissão do ACT (acordo coletivo), mas só vamos sair depois de conversar com o gerente Claudio Costa para ele explicar o que houve em São Paulo”, disse Adaelson Costa, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e coordenador geral do Sindipetro do Litoral Paulista. No início da noite, a reunião com o gerente foi remarcada para esta quarta-feira, 26.

 

O sindicalista explicou que no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobrás existe a previsão de demissão, desde que haja negociação. Segundo ele, a falta de sensibilidade de Costa provou que o executivo não “está preparado para lidar com uma empresa do porte da Petrobrás.

 

A Petrobrás confirmou que estuda a realização de um Programa de Desligamento Voluntário e um Programa de Desligamento por Acordo Individual. “Como os estudos estão em curso, ainda não há detalhes ou cronogramas definidos”, afirmou.

 

Desocupação

 

Sobre a sede da empresa em São Paulo, a Petrobrás informou que a desocupação será feita até junho e vai gerar uma economia de R$ 100 milhões até 2023. “Estudos estão sendo feitos para determinar atividades que podem migrar para outros imóveis. Os gestores responsáveis pelas atividades que hoje são realizadas no prédio estão avaliando quais delas realmente precisam permanecer na capital paulista e quais podem ser realocadas em outros imóveis da companhia no Estado ou mesmo na sede, no Rio de Janeiro”, informou.

 

A maior parte dos funcionários que ocupa o prédio em São Paulo é de concursados, que dão suporte às unidades operacionais da empresa nas regiões Sul e Sudeste, principalmente refinarias e terminais. Como parte dessas unidades será vendida, alguns funcionários deverão ser remanejados para outros Estados, e alguns poucos permanecerão em São Paulo, em um prédio do tipo “coworking” que a empresa pretende alugar. O restante será demitido, segundo o gerente.

 

“Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não. Algumas pessoas não ficarão. Algumas vão poder decidir por escolha própria não permanecer na companhia. Os programas (de demissão voluntária) virão para ajudá-los nesse processo decisório”, diz Costa no áudio. Ele chegou a comparar a situação da estatal à da montadora Ford, que anunciou o fechamento de uma fábrica em São Bernardo (SP) e deve deixar 2,8 mil desempregados.

 

A Petrobrás possui 62,7 mil funcionários próprios, um número reduzido frente aos 78,5 mil de 2015, após sucessivos programas de demissão voluntária. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes e Denise Luna)