Petrobras prepara PDV e deve fechar sede de São Paulo até junho

Diário Regional/Agência Estado

 

A Petrobras pretende desativar até junho sua sede administrativa em São Paulo e lançar novo Programa de Demissão Voluntária (PDV). Além disso, a estatal planeja fechar unidades incluídas em seu plano de desinvestimento que não despertarem interesse dos compradores, o que pode levar a mais demissões.

 

Os planos do atual comando da petroleira foram revelados aos funcionários na última segunda-feira (25) por um recém-contratado gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, durante reunião para explicar somente a desativação da sede da Avenida Paulista, onde trabalham 700 pessoas.

 

Nas declarações do executivo, gravadas em áudios que circularam pelas redes sociais ontem, Costa afirma ainda que, em 2015, a Petrobras estava literalmente falida e que. se as demissões não forem realizadas, “daqui a duas décadas essa empresa não existirá mais”.

 

Um grupo de sindicalistas que aguardava o gerente para uma reunião na sede da companhia no Rio reagiu com repúdio às declarações de Costa, e se recusou a deixar o prédio antes de esclarecer as declarações do executivo que trouxeram inquietação aos funcionários.

 

“Viemos (cerca de 15 pessoas) para a reunião da comissão do ACT (acordo coletivo de trabalho), mas só vamos sair depois de conversar com o gerente Claudio Costa, para que explique o que houve em São Paulo”, disse Adaelson Costa, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e coordenador geral do Sindipetro do Litoral Paulista. No início da noite, a reunião com o gerente foi remarcada para esta quarta-feira.

 

O sindicalista explicou que no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobras existe a previsão de demissão, desde que haja negociação. Segundo o dirigente, a falta de sensibilidade de Costa provou que o executivo não “está preparado para lidar com uma empresa do porte da Petrobras.

 

A estatal confirmou que estuda a realização de um PDV e um Programa de Desligamento por Acordo Individual. “Como os estudos estão em curso, ainda não há detalhes ou cronogramas definidos”, afirmou.

 

Desocupação

 

Sobre a sede da empresa em São Paulo, a Petrobras informou que a desocupação será feita até junho e vai gerar economia de R$ 100 milhões até 2023. “Estudos estão sendo feitos para determinar atividades que podem migrar para outros imóveis. Os gestores responsáveis pelas atividades que hoje são realizadas no prédio estão avaliando quais delas realmente precisam permanecer na Capital paulista e quais podem ser realocadas em outros imóveis da companhia no Estado ou mesmo na sede, no Rio de Janeiro”, informou.

 

A maior parte dos funcionários que ocupa o prédio em São Paulo é de concursados, que dão suporte às unidades operacionais da empresa nas regiões Sul e Sudeste, principalmente refinarias e terminais. Como parte dessas unidades será vendida, alguns funcionários deverão ser remanejados para outros Estados, e alguns poucos permanecerão em São Paulo, em um prédio do tipo “coworking” que a empresa pretende alugar. O restante será demitido, segundo o gerente.

 

“Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não. Algumas pessoas não ficarão. Algumas vão poder decidir por escolha própria não permanecer na companhia. Os programas (de demissão voluntária) virão para ajudá-los nesse processo decisório”, diz Costa no áudio. O gerente chegou a comparar a situação da estatal à da Ford, que anunciou o fechamento de fábrica em São Bernardo e deve deixar 2,8 mil desempregados.

 

A Petrobras possui 62,7 mil funcionários próprios, número reduzido frente aos 78,5 mil de 2015, após sucessivos programas de demissão voluntária.

 

Petrobras não tem planos para demitir funcionários, diz Castello Branco

 

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, gravou vídeo no início da noite desta terça-feira (26) para reduzir os efeitos negativos produzidos pela fala do gerente de Recursos Humanos da empresa, Claudio Costa, em reunião na sede da companhia em São Paulo na véspera.

 

Ao contrário do que afirmou o gerente, Castello Branco disse que a diretoria não planejou demissões, mas estuda, sim, o lançamento de Programa de Demissões Voluntárias (PDV). “Não existe um plano de demissões na Petrobras. Estamos estudando um programa incentivado de demissão voluntária, que não foi ainda aprovado pela diretoria executiva. Esse programa está começando a ser estudando, e decidiremos oportunamente”, afirmou o presidente aos funcionários.

 

Castello Branco informou ainda que os empregados do prédio da empresa em São Paulo, o Edisp, que será fechado, vão ser redirecionados para outras unidades da estatal e que algumas pessoas vão trabalhar de casa. “Elas vão para localidades de custo mais baixo para a redução do custo da Petrobras“, disse Castello Branco. (Diário Regional/Agência Estado)