O Estado de S. Paulo
Enquanto Ford afirma estar decidida a fechar a fábrica do ABC, a Honda inicia nesta quarta-feira, 27, com três anos de atraso em relação ao plano inicial, as operações da unidade de Itirapina (SP). Os primeiros modelos Fit feitos na nova linha também começam a ser faturados nesta quarta. A segunda planta do grupo no País está pronta desde 2016. Para o início de operações em apenas um turno, a Honda transferiu 500 trabalhadores da fábrica de Sumaré, que a fica a 100 km, e não tem planos de contratar pessoal local.
“Futuramente faremos uma cerimônia de inauguração, mas será simbólica”, diz o presidente da Honda na América do Sul, Issao Mizoguchi. Normalmente a inauguração de uma fábrica de automóveis é feita com muita pompa e vários convidados.
Honda Fit
Em dois anos, o modelo Fit, entre outros, será produzido em Itirapina.
Quando anunciou em 2013 a nova fábrica, um projeto de R$ 1 bilhão, a Honda provocou corrida de interessados em uma vaga entre os 17 mil habitantes da cidade, que enviaram currículos e fizeram cursos no Senai local. A expectativa era gerar 2 mil empregos quando operasse na capacidade máxima de 120 mil carros ao ano, em dois turnos.
Devagar
Após a crise que derrubou o mercado brasileiro de 3,7 milhões de veículos em 2013 para 2 milhões em 2016 –, os planos foram alterados. Desde então, a recuperação do setor continua lenta, mas manter a fábrica fechada era caro. O grupo vai transferir 2 mil empregados de Sumaré nos próximos dois anos, período em que terá toda a produção dos modelos Fit, City, Civic, HR-V e WR-V em Itirapina. “Cerca de 92% dos trabalhadores aceitaram a transferência”, diz Mizoguchi.
Na fábrica de Sumaré, inaugurada em 1997 e que vinha operando a plena capacidade, será mantida a produção de motores, para-choques e peças. A meta é aumentar a nacionalização de componentes dos carros da marca, hoje de 60%. Mizoguchi não informa se a filial dá lucro. Apenas diz que a situação “por ora, é suportável”. Em 2018, a marca repetiu as vendas de 2017, de 131 mil unidades, num mercado que cresceu 13,8%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)