AutoIndústria
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fará de tudo para reverter a decisão da Ford de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Em entrevista na porta da fábrica na manhã desta quarta-feira, 20, o presidente da entidade, Wagner Santana, mostrou total inconformismo com a decisão da montadora:
“Além de mobilizar os trabalhadores, vamos tentar contato com os governos federal, estadual e municipal para tentar garantir a continuidade das operações locais da Ford”, comentou o sindicalista, destacando que foi uma surpresa total o anúncio do fechamento em pleno processo de negociação com a montadora.
O sindicato suspendeu a assembleia que estava marcada para quinta-feira, 21, no sindicato e agendou outra na porta da fábrica para terça-feira, 26. Até lá, por orientação da própria entidade, os trabalhadores não irão para a fábrica.
Wagner Santana calcula, com base em dados da própria Anfavea de que cada emprego na montadora gera outros nove, que o fechamento da fábrica vai provocar o desemprego de 24,5 mil trabalhadores na cadeia automotiva, incluindo fornecedores e concessionários. Estudo do Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, confirma a estimativa.
Segundo o sindicato, a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo emprega 2,8 mil metalúrgicos e mais outros 1,5 mil trabalhadores terceirizados. Somando os empregos diretos e indiretos da própria planta e de toda a cadeia, a ameaça de desemprego atinge 2,8 mil trabalhadores.
“A atitude da Ford é de total desrespeito com os trabalhadores. Não podemos admitir que sem levar a sério as negociações em andamento ela anuncie seu fechamento, colocando milhares de trabalhadores à deriva, dizendo simplesmente que quer optar por outro tipo de mercado”, criticou o sindicalista.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, vale lembrar, fechou acordo com a montadora em 2017 que garante estabilidade no emprego até novembro deste ano. Quando foi fechado, há um ano e três meses, com validade por dois anos, o acordo tinha o sentido de produzir condições necessárias para que a Ford recebesse um novo produto na planta do ABC paulistaF
“Quando uma empresa decide optar por outro tipo de mercado ela tem que ter comprometimento social e preocupação. Se a Ford quer abrir mão e só ter lucro no Brasil, ela tem que pensar que seus clientes podem se afastar de uma empresa com esse comportamento. Alieás, foi o que aconteceu em 1998. Vamos fazer ela pagar o preço pela decisão que está tomando. Nossa luta será dura, na proporção do aviso que a Ford emitiu”, finalizou o sindicalista.
O AutoIndústria tentou contato com a Abrafor, Associação Brasileira dos Distribuidores Ford Caminhões, mas até o meio desta tarde não obteve retorno. A informação na entidade que representa os concessionários da marca é que desde a manhã desta quarta-feira, 20, toda a sua diretoria, incluindo o presidente executivo, Paulo Matias, estava “em reunião a portas fechadas”.
A Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou a tentativa de marcar um encontro com o governador João Doria e a direção da empresa para quinta-feira, 21, e prometeu dar maiores informações sobre o assunto até o final da tarde. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)