Notícias Automotivas/Agência Estado
A General Motors Mercosul está em uma fase de negociações. O fabricante americano gerou polêmica no começo do ano ao circular um comunicado interno onde dizia que sairia do país sem a colaboração dos funcionários para reverter resultados negativos em termos financeiros, com prejuízo estimado em R$ 1 bilhão na operação brasileira.
Depois, a GM esclareceu o verdadeiro objetivo, que é a renegociação geral para aprovar um novo investimento de R$ 10 bilhões na região. Funcionários, fornecedores, concessionários e governos estão na mira da empresa para ajustes dos contratos e benefícios fiscais para redução de custos da operação nacional.
Nesse processo, a GM já acertou com os trabalhadores de São José dos Campos, cuja planta não seria contemplada com investimentos, diferente das fábricas de São Caetano do Sul, Joinville e Gravataí. O acordo gerou um investimento de R$ 5 bilhões na unidade para fazer a próxima geração da S10 e da Trailblazer.
Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul, diz que os investimentos são fundamentais para a continuidade das operações da empresa no país, em entrevista para o jornal O Estado de São Paulo. O executivo diz que o setor automotivo no país trabalha de forma ineficiente, especialmente em termos de uma indústria de exportação.
Zarlenga compara o Brasil com a Coreia do Sul. Lá, se produz 5 milhões de carros e apenas 1 milhão é vendido no mercado interno. Aqui, o país e a vizinha Argentina possuem capacidade para produzir 4 milhões, mas ambos fabricam e exportam os mesmos modelos.
Em termos tributários, o líder da GM regional diz que as montadoras recolhem 45% da receita com impostos, taxas e sobretaxas locais. Zarlenga fez uma comparação interessante. O Chevrolet Cruze é mais barato no Brasil que nos EUA. o executivo argentino diz que o médio custa US$ 24,3 mil nos states e US$ 32 mil por aqui.
Mas, a conta muda quando se retira a carga tributária que incide sobre o produto, fazendo com que o Cruze americano custe US$ 22,6 mil contra US$ 20,8 mil aqui. A GM Mercosul defende uma abertura comercial para contornar problemas como esse. Zarlenga fala que a carga tributária no Brasil é enorme.
Só de PIS, Cofins, ICMS e IPI, o percentual no preço do carro chega a 34%, enquanto nos EUA é de 7%. Ele diz que até esse percentual é considerado aqui como incentivo fiscal. Ele defende que o sistema mude para que a indústria possa crescer de forma sustentável no Brasil.
Por ora, a GM negocia com concessionários, que segundo Zarlenga, já entenderam a situação da empresa e devem apoia-la. A montadora segue negociando com fornecedores uma redução nos custos dos contratos e da mesma forma, com o governo sobre alterações tributárias. (Notícias Automotivas/Agência Estado)