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Com a perspectiva de melhora da economia e retomada da intenção de consumo das famílias, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) espera que a maior confiança para a tomada de crédito impacte nas vendas de veículos de passeio.
“Este deve ser o ano em que a confiança das famílias vai se recuperar e o crédito vai estar mais disponível. Isso deve ser direcionado para o consumo de automóveis”, declarou o presidente da FCA na América Latina, Antonio Filosa, em coletiva para jornalistas.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de intenção de consumo das famílias (ICF) alcançou 95,9 pontos em janeiro, alta de 5,1% sobre dezembro, a maior elevação mensal desde 2010. Ainda assim, permanece na zona de insatisfação, abaixo dos 100 pontos.
A analista da Tendências Consultoria, Isabela Tavares, avalia que o maior otimismo dos consumidores e a perspectiva de recuperação do emprego formal e renda das famílias devem incentivar o retorno das pessoas ao mercado de crédito. “Isso deve favorecer as vendas de veículos”, aponta.
Ela frisa que a oferta de crédito também deve melhorar. “Os bancos devem ficar menos seletivos, por conta da inadimplência, que atingiu níveis mínimos históricos no segmento de recursos livres.”
Filosa acredita que o número de veículos financiados pode crescer de 12% a 15%. “O crescimento de mercado deve ser pautado por financiamentos.” Ele também espera impacto positivo nas vendas de picapes e utilitários esportivos (SUVs). “Quando há melhora econômica, principalmente no agronegócio, esses segmentos acabam beneficiados.”
Filosa destacou a fala do CEO mundial da FCA, Mike Manley, que o Brasil representa grandes oportunidades para companhia em 2019. “A expectativa é positiva com o novo governo e liderança econômica”, disse Filosa, em referência ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
O executivo explica que as propostas de trazer maior competitividade para a indústria brasileira têm sido bem recebidas pela empresa. “O Guedes fala abertamente de livrar o empresário de entraves nas áreas de infraestrutura, logística e tributação. É um caminho que parece desenhado de forma coerente e faz crescer nosso otimismo.” Ele conta que a expectativa da FCA é que o mercado brasileiro tenha crescimento de 9%.
Em relação à Argentina, a expectativa é que o mercado siga em queda. “As vendas no país vizinho devem cair para 600 mil veículos, com recuo de forma abrupta até julho e depois ter uma retomada suave”, prevê Filosa. Ele acredita que a Argentina só deverá voltar a apresentar crescimento real no segundo trimestre de 2020.
A FCA irá investir R$ 14 bilhões na América Latina até 2023, com a maior parte dos recursos direcionados às plantas de Betim (MG) e Goiana (PE). A partir de 2020, a montadora pretende lançar um carro por semestre, incluindo o primeiro SUV da Fiat produzido no Brasil.
Resultado de 2018
A FCA totalizou 434 mil veículos vendidos no Brasil em 2018, o que representa um crescimento de 14%. A participação da empresa no mercado de automóveis e comerciais leves foi de 17,5%, de acordo com a companhia, e o desempenho compensou a queda na Argentina no resultado consolidado na América Latina, que apresentou 10% de incremento nas vendas.
Globalmente, o grupo teve crescimento de 4% e faturou 115,4 bilhões de euros. “Foram resultados extremamente positivos. Tivemos uma excelente performance na América do Norte e a América Latina teve um importante crescimento. As duas regiões contribuíram para esse resultado final”, declarou Filosa. (DCI/Ricardo Casarin)