Diário do Transporte
O presidente Jair Bolsonaro quer desburocratizar o trânsito brasileiro.
Medidas como a extensão da validade da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de 5 para 10 anos, e o fim das aulas obrigatórias com simuladores nas auto-escolas do país, serão anunciadas oficialmente pelo Ministério de Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
O próprio Bolsonaro divulgou essas medidas através de sua conta pessoal no twitter neste sábado, dia 9 de fevereiro de 2019.
Apesar da manifestação do presidente, o ministro Tarcísio Freitas já havia antecipado essas medidas em uma longa entrevista para o jornal Valor Econômico na última quinta-feira, 7.
Sob o argumento de que as medidas têm como finalidade facilitar a vida do condutor brasileiro, trazendo economia e menos burocracia, o governo quer criar uma série de facilidades.
O ministro Tarcísio Meira chegou a afirmar que o simulador é totalmente desnecessário: “Isso é para vender hardware e software, só para aumentar custo. É lobby, é máfia”, disse.
Especialistas já começaram a discutir as declarações do ministro. Segundo o Portal do Trânsito, J. Pedro Corrêa, fundador do Programa Volvo de Segurança no Trânsito, manifestou sua preocupação.
“Quando um Ministro de Governo diz que ‘vamos acabar com esse troço’, certamente não parece ser o tipo de autoridade que gostaríamos de ver gerenciando um setor importante da vida brasileira que registra cerca de 40 mil mortes, 500 mil feridos, mais de 40 bilhões de danos materiais ao País. Este “troço”, se bem usado, pode ajudar a diminuir estas perdas e isto sem envolver máfias”, avalia J. Pedro, que atualmente atua como consultor, especialista em programas de segurança no trânsito e em comunicação empresarial.
Mas David Duarte Lima, doutor em Segurança de Trânsito e presidente do Instituto de Segurança no Trânsito, pensa de forma diversa. Para ele, o simulador foi implantado no processo de formação dos condutores com finalidade exclusivamente comercial, segundo declarações ao Portal do Trânsito.
“Não há qualquer estudo com representatividade sobre o tema. Os estudos existentes são frágeis, com amostras pequenas, sem validade para o Brasil. São experiências de “quase-laboratório”, afirma.
Independente disso, falta ao governo definir como será sua política de segurança no trânsito, algo em que o país ainda está atrasado.
Documento lançado pela Organização Mundial da Saúde em dezembro de 2018 mostrou que, apesar de as taxas de mortalidade no trânsito no Brasil estarem registrando tendência de queda, elas permanecem bem acima das taxas europeias.
Em 2006 morriam 20 pessoas por 100 mil habitantes, número que caiu para 19,7 por 100 mil em 2016. Na Europa, a taxa é a metade disso: 9,3 mortes por 100 mil habitantes. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)