O Estado de S. Paulo
Pelo quarto mês consecutivo, o índice de intenção de investimento da indústria brasileira teve aumento em janeiro, desta vez de 0,6 ponto em relação a dezembro, alcançando 56,1 pontos porcentuais, 3,1 pontos acima do nível de 2018 e o mais alto patamar desde abril de 2014, segundo a Sondagem Industrial há pouco divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice, que varia de zero a 100 pontos, sinaliza positivamente quando ultrapassa 50 pontos, e os números mostram claramente que aumenta o otimismo entre os empresários industriais quanto ao futuro.
O resultado é tanto mais significativo porque a indústria operou em janeiro com base na retração das encomendas em dezembro de 2018, quando o indicador de produção ficou em 40,7 pontos, abaixo dos 42,4 de dezembro de 2017. Recuo semelhante verificou-se no indicador de emprego, que fechou o ano em 47,2 pontos.
Em consequência, houve menor recomposição dos estoques do que era planejado pelos empresários, tendo o indicador de nível de estoque caído de 50,2 pontos, em novembro, para 48,9 pontos, em dezembro. A utilização da capacidade instalada retrocedeu 4 pontos em dezembro, em confronto com novembro.
Essas variações cíclicas, porém, não abateram o ânimo dos empresários industriais. Tanto assim que o índice de expectativa de demanda atingiu 60,3 pontos em janeiro, sendo esta a primeira vez desde abril de 2013 que o indicador supera a marca de 60 pontos. Espera-se, portanto, que as encomendas cresçam bastante daqui para a frente, impulsionando a produção industrial.
A expectativa de exportações atingiu 56,1 pontos, a maior desde fevereiro de 2010, graças à desvalorização do real ante o dólar. Há boas notícias igualmente do lado do emprego (53,1 pontos em janeiro) e da compra de matérias-primas (57,5 pontos), as maiores pontuações da série histórica iniciada em 2010.
Isso não quer dizer que os industriais desconheçam os obstáculos a vencer. Entre os empecilhos citados está o acesso ao crédito. O indicador de facilidade de crédito, por sinal, registrou 38,3 pontos no quarto trimestre, repetindo a marca do trimestre anterior.
Outro problema mencionado na Sondagem é a elevada carga tributária, que teve 47,6% das citações dos empresários ouvidos na pesquisa. (O Estado de S. Paulo)