Setor automotivo foi o que mais recebeu recursos da sociedade brasileira em estímulos, diz estudo inédito do Ipea

Diário do Transporte

 

A sociedade brasileira transferiu em 2015 para o setor de produção de carros, caminhões e ônibus, R$ 18,7 bilhões por causa da política do imposto de importação para proteger as indústrias instaladas em território nacional, quase todas com sede na Europa, Estados Unidos e Ásia.

 

O levantamento é inédito e foi divulgado nesta terça-feira, 13 de novembro de 2018, pelo Instituto Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea.

 

Já o setor que mais perdeu foi o de petróleo, com um “desincentivo” de R$ 2,3 bilhões.

 

O estudo intitulado “Relatório de Assistência Efetiva” sondou 67 atividades econômicas e 217 produtos.

 

O Indicador de Assistência Setorial, calculado pelos pesquisadores, quantifica a proteção efetiva concedida, via política tarifária, a uma indústria ou setor específico de forma direta ou indireta.

 

“A lógica é a seguinte: as tarifas de importação protegem os produtores instalados no país da concorrência externa, permitindo que eles pratiquem preços mais elevados no mercado doméstico. Por outro lado, as tarifas de importação fazem com que esses mesmos produtores paguem mais caro por insumos nacionais e importados.” – explica o Ipea em nota.

 

Ainda de acordo com o Instituto, além do setor automotivo, os mais beneficiados foram abate e produtos de carne, laticínios e pesca (R$ 13,8 bi); outros produtos alimentares (R$ 13,3 bi); vestuário e acessórios (R$ 10,4 bi). Do outro lado, além do petróleo, os mais penalizados foram na área de extração, com desincentivos líquidos de quase R$ 2 bi; petróleo e gás (R$ 1,3 bi); minério de ferro (R$ 367 mi) e minério de metálicos não ferrosos (R$ 15 mi).

 

Na nota, o diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea e um dos autores da pesquisa, Ivan Oliveira, diz que o estudo mostra que o Brasil vai precisar mudar a atual forma de incentivo para que toda a sociedade pague menos em prol de alguns setores.

 

“Em um momento de crise fiscal e de clara necessidade de revisão dos rumos da política comercial brasileira, esse relatório busca dar transparência e qualificar o debate sobre o tema” – enfatizou.

 

A partir de agora, o estudo será feito todos os anos.

 

“O Indicador de Assistência Setorial utiliza como principal fonte de dados a Matriz de Insumo-Produto (MIP) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos de 2010 e 2015, que contém informações detalhadas de valor da produção, importações, tecnologia, estrutura de custos e demanda intermediária e final de cada setor.  Também são consideradas as tarifas aplicadas a cada produto por meio da Lista da Tarifa Externa Comum (TEC), cuja fonte é a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Indústria, Comércio Exterior e Serviços.” – concluiu a nota. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)