Veículos mais “limpos” evoluem, mas ainda estão longe de chegar ao País

DCI

 

As novas tecnologias de propulsão têm favorecido o desenvolvimento de veículos mais sustentáveis, que consomem menos energia e possuem baixos níveis de emissões. Mas apesar dos avanços, ainda há um longo caminho para que essas inovações cheguem ao Brasil.

 

“Políticas governamentais ajudam a expandir a utilização de veículos mais ‘limpos’, mas desenvolver produtos que se pagam com a economia de combustível é fundamental”, afirma o CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.

 

A marca lançou nesta semana, durante o maior salão de transportes do mundo, o IAA – que acontece na cidade de Hannover, na Alemanha – o Volksbus e-Flex, que pode rodar com propulsão 100% elétrica ou com outro combustível como etanol e gás natural. “Quando o veículo está rodando, a bateria é carregada pelo motor a combustão”, explica Cortes. Segundo ele, o motor que equipa o Volksbus e-Flex é o mesmo do Golf TSI, o que reduz sensivelmente o custo de produção. “Com essa solução, o veículo não precisa ter muitas baterias, que é o item mais caro de um elétrico”.

 

No entanto, devido ao estágio de desenvolvimento que o produto ainda atravessa, o e-Flex da Volks custaria, hoje, de duas a três vezes mais do que um ônibus convencional. “Porém, além de gastos menores com combustível, o proprietário reduzirá os custos com manutenção, já que um veículo elétrico tem cerca de dez vezes menos peças que um convencional”.

 

Cortes ressalta, entretanto, que uma tecnologia como essa deve chegar ao mercado brasileiro em meados de 2023. “Na Europa talvez um pouco antes”, salienta.

 

A Scania acredita que a expansão do motor elétrico precisa passar antes por uma transição pelo gás, seja natural (GN), liquefeito (GNL) ou biometano (feito à base de matéria orgânica). “Hoje, as baterias ainda são pesadas e caras, é preciso ter um tempo de transição”, avalia o diretor comercial da montadora no Brasil, Silvio Munhoz. “Tanto o GNL quanto o GN têm origem nos combustíveis fósseis, mas a nossa proposta é usar principalmente o biometano, que é muito mais virtuoso e está disponível de graça na natureza, só precisa de uma empresa para transformá-lo”, acrescenta.

 

O gerente de pré-vendas da marca no País, Celso Mendonça, ressalta que o ônibus movido a gás comprimido já é comum no Brasil, porém, ocupa três vezes mais espaço que o GNL. Segundo ele, a disponibilidade do insumo no Brasil é grande, contudo, falta uma homologação por parte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para sua utilização como combustível para veículos. “Principalmente com a expansão do pré-sal, o GNL será uma boa alternativa para os veículos pesados”.

 

A Scania já vendeu 2,5 mil veículos movidos a GNL na Europa e, conforme o executivo, a utilização desse tipo de gás é viável economicamente. “Vale a pena. O custo por quilômetro rodado é muito menor”.

 

Alternativas

 

A Scania também possui um modelo híbrido movido a eletricidade e outro tipo de combustível como o próprio gás natural. “Na frenagem, o veículo não desperdiça essa energia, a bateria é recarregada”, relata. Com biometano, o custo por quilômetro rodado é 28% mais barato que o diesel.

 

Ainda nesta semana, a Mercedes-Benz anunciou durante a feira de Hannover vans 100% elétricas, eVito e eSprinter. Utilizados para transporte de passageiros e de cargas, os produtos devem começar a ser vendidos na Europa neste e no próximo ano. “Temos que ofertar veículos conectados e que tenham confiabilidade”, afirma o executivo do grupo Daimler, Wilfried Porth.

 

Ele pondera, contudo, que os veículos elétricos não fazem sentido para qualquer frota. “Se a bateria é muito grande, o custo aumenta e os ganhos são reduzidos. Os elétricos são perfeitos para distâncias menores”, explica. No Brasil, entretanto, não há previsão de chegada destes veículos. “Falta infraestrutura para receber modelos 100% elétricos no País”, avalia o presidente da Mercedes no Brasil, Philipp Schiemer. (DCI/Juliana Estigarríbia)