Setor automotivo fecha o semestre otimista

Diário do Nordeste

 

O primeiro semestre é um período conturbado para o comércio de veículos naturalmente. Pelos logos feriados de carnaval e semana santa, seja também pelas contas inadiáveis de cada início de ano, como matrícula em colégio, IPVA, DPVAT, IPTU, dentre outras. E, para completar, 2018 teve Copa do Mundo, greve dos caminhoneiros e a instabilidade quase que já permanente na economia e política do País.

 

Ainda assim, o setor de autopeças, comparando janeiro a junho deste ano com segundo semestre do ano passado, constatou avanço no Ceará: 3,59% de crescimento, já desconta a inflação. “A venda de acessórios caiu um pouco mais. Distribuição de autopeças teve um crescimento maior. Quando comparado com o primeiro semestre de 2017, o crescimento foi de 2,49%”, destaca o presidente do sistema Sincopeças/Assopeças/Assomotos (SSA), Ranieri Leitão.

 

Apesar do saldo positivo, não foi como esperado. “Isso é falta de credibilidade no futuro”, explica. No entanto, no fechamento do próximo semestre a perspectiva é ultrapassar 6% de crescimento. E a Autop promete ajudar nessa previsão. “A Feira vai realmente vai trazer um movimento interessante para a gente revitalizar esse mercado de autopeças no Estado”, acrescenta.

 

Novos e usados

 

Mesmo com balanço entrando no vermelho, com 0,6% negativo, o setor de seminovos mantém-se otimista para 2018 devido ao crescimento de novos no primeiro semestre.

 

De 0km, foram 12,37% positivo no Brasil e, no Ceará, 7,3% de alta, considerando caminhões, ônibus, motos, carros, comerciais leves e outros, de acordo com dados da Fenabrave. “Foi emplacado (no Brasil) 1.691.556. Isso remonta a 5 anos, quando o mercado estava em efervescência. Dá um cenário pelo menos igualitário ao que foi feito anos passados. É um setor que cresce, aqui no Ceará, apesar da crise”, ressalta Fernando Pontes, presidente da Fenabrave Ceará.

 

E melhorar a venda dos zero quilômetros é traduzido em aumento de oferta futuramente. Aliás, foi diante da baixa de oferta atual que os valores dos seminovos ficaram bem próximos ao de novos. Na dúvida, o consumidor que compra veículos de até 3 anos prefere comprar na concessionária em vez da revenda. Tanto que foi essa faixa que impediu o crescimento, tendo 51,6% de queda.

 

“No entanto, a demanda ainda continua muito forte”, afirma Everton Fernandes, presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Ceará. Isso se mostra verdade quando o seu volume, mesmo em queda, soma 41.002: o segundo melhor saldo das vendas.

 

Em contrapartida, pela oferta alta em 2015, agora os usados jovens, entre 4 e 8 de fabricação, fecham o semestre com o maior volume dentre os tempos de uso. São 74.521 unidades, sendo 12.989 em junho.

 

Para equilibrar os números, também estão os usados maduros, de 9 a 12 anos. São somente 25.122, abaixo dos jovens, porém essa quantidade representa 76,2% de alta. O melhor resultado entre todos. O perfil desse cliente é aquele que deseja sair da motocicleta geralmente ou do transporte público sem gastar tanto na troca.

 

“Mesmo com todo esse cenário em nosso País, estamos estimando um crescimento em torno de 5% para fechar este ano, até porque o segundo semestre tem sazonalidade mais forte e, com certeza, iremos vender mais veículos que no primeiro semestre”, completa.

 

Especificamente com as motos, houve nacionalmente apenas 6,3% de crescimento. Aqui no Ceará, foi menos, 4%, com 27.507.

 

“Não estamos acompanhando veículos novos porque a entrega de consórcio teve uma queda muito grande no Estado. O Brasil, o qual não tinha forte entrega de consórcio, está sofrendo menos, está conseguindo retomar melhor que o Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. Isso acontece porque as administradoras estão cautelosas, mais restritivas no crédito, segurando um pouco mais. Estão mais exigentes”, explica Wellington Holanda, presidente do núcleo operacional do Nordeste da Assohonda (Associação Brasileira de Distribuidores Honda).

 

Os dados foram apresentados durante a 22ª reunião ordinária da Câmara Setorial Automotiva (CS Automotiva). (Diário do Nordeste/Camila Marcelo)