De joelhos, pelo Rota …

O Estado de S. Paulo

 

Se realmente cumpriu sua promessa, um executivo de montadora esteve no fim de semana prolongado em Aparecida, no Vale do Paraíba, e atravessou, de joelhos, a passarela que liga a velha basílica ao novo santuário.

 

A promessa foi feita em fevereiro, quando o setor estava agoniado à espera do Rota 2030, e temia que o projeto fosse deixado de lado e ficasse para o próximo governo decidir.

 

“Se sair, vou de joelhos à Aparecida”, disse o executivo de uma montadora que, assim como a maioria das empresas, aguardava o lançamento do Rota 2030 para decidir novos investimentos no País.

 

Apesar de estar em discussão há mais de um ano, o Rota 2030 foi assinado às pressas no início da noite de quinta-feira, dia 5, pelo presidente Michel Temer.

 

Saiu, mas sem vários detalhamentos, como o porcentual exato de melhoria em eficiência energética que as empresas nacionais e importadoras terão de cumprir a partir de 2023 se quiserem vender seus carros no mercado local.

 

Na última quinta-feira, ao divulgar a nova política setorial, o governo falou em 11%. Na sexta-feira a Anfavea (associação que representa as montadoras), falava entre 10% e 12%.

 

Tabela

 

Outro dado que estava à espera de detalhes era o da tabela de alíquotas de IPI para carros elétricos e híbridos, que varia de 7% a 20%, de acordo com a eficiência do motor, peso e tipo de combustível para gerar a eletricidade.

 

A tabela até foi publicada no Diário Oficial no dia seguinte ao anúncio, mas em uma configuração de medidas que os técnicos da Anfavea pediram tempo para poder traduzir. E estamos no aguardo.

 

A redução do IPI, antes de 25%, foi feita por meio de Decreto e precisará de 90 dias para entrar em vigor, ou seja, no início de novembro. O Rota 2030 saiu por Medida Provisória, que tem até 120 dias para ser votada pelo Congresso.

 

Assim, após uma queda de braço entre o Ministério da Fazenda e o MDIC, o programa que deveria ter entrado em vigor em janeiro foi aprovado em julho, às vésperas do fim do prazo que permite esse tipo de medida antes do início do prazo eleitoral, mas só vai valer efetivamente no fim do ano.

 

Agora, é esperar que as montadoras confirmem (ou não) os tais investimentos e projetos que estavam pendentes. E que todos cumpram suas promessas. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)