Recuperação gradual do emprego formal

O Estado de S. Paulo

 

Foram positivos os indicadores relativos à contratação de mão de obra com carteira assinada em março, com um saldo líquido de 56,4 mil novas vagas. Mas os números são inferiores aos de janeiro e de fevereiro e confirmam as indicações de que a recuperação da economia brasileira é marcada pelo gradualismo. O desemprego alcança mais de 13 milhões de pessoas e tem enormes implicações sociais. Há sinais de precariedade do mercado de mão de obra, marcado pelo aumento do emprego informal e do trabalho por conta própria.

 

Pouco mais de 204 mil vagas formais foram abertas no primeiro trimestre de 2018. É um número expressivo quando comparado ao de igual período de 2017, quando foram fechados quase 58 mil postos de trabalho com carteira assinada. O resultado é o melhor para o mês desde 2013 e sinal de recuperação econômica, mas falta velocidade ao processo.

 

Nos últimos 10 anos, o melhor mês para o emprego foi março de 2010, com a criação de 266 mil vagas. Números expressivos também foram registrados nos meses de março de 2012 e março de 2013, quando a geração de empregos superou 110 mil vagas. Na média de 10 anos, 52,4 mil vagas foram abertas nos meses de março.

 

Os números de março de 2018 contêm novidades importantes, a começar da demanda de empregados no setor de serviços, que mais contribui para a geração do Produto Interno Bruto (PIB). O setor abriu 57,4 mil vagas formais, enquanto a indústria de transformação gerou 10,5 mil vagas e a construção civil abriu 7,7 mil postos de trabalho, depois de um longo período marcado por demissões.

 

As características da retomada econômica influem no emprego. A recuperação da indústria, por exemplo, é liderada por segmentos que empregam pouco pessoal, como veículos. Em outros segmentos, como o de papel e celulose, o esforço para ganhar competitividade obriga a enxugar ao máximo os quadros de pessoal. Já a indústria da construção, se se recuperar mais depressa, dará ajuda valiosa ao emprego.

 

O comportamento do setor de serviços torna-se mais importante. Ainda que, na média, os salários desse setor sejam baixos, centenas de milhares de pessoas poderão ser contratadas em 2018, contribuindo para desanuviar o ambiente socioeconômico às vésperas de eleições gerais decisivas para o futuro do País. (O Estado de S. Paulo)