Honda inaugura fábrica pronta há dois anos no interior de São Paulo

O Estado de S. Paulo

 

Pronta há pouco mais de dois anos, mas mantida fechada em razão da crise econômica que derrubou as vendas de veículos, a fábrica da Honda em Itirapina, interior de São Paulo, que custou R$ 1 bilhão, será finalmente inaugurada no primeiro semestre de 2019, mas não do jeito que foi previsto pelo grupo japonês.

 

Quando decidiu construir sua segunda unidade no País, a empresa pensava em dobrar sua produção de veículos, que estava no limite na fábrica de Sumaré (SP).

 

Agora sem perspectivas de uma retomada consistente do mercado nos próximos três anos, a Honda decidiu transferir a produção de automóveis de Sumaré para a nova fábrica, e manter no local as linhas de motores e componentes e as áreas de desenvolvimento, estratégia e gestão dos negócios do grupo.

 

“Estou feliz, mas não estou 100% realizado porque queria encher duas fábricas, mas finalmente vamos usufruir do investimento feito em Itirapina”, diz o presidente da Honda na América do Sul, Issao Mizoguchi. Quando a construção da filial foi anunciada, em 2013, a produção de veículos no País atingiu 3,7 milhões de unidades e a expectativa era de que passaria de 4 milhões no ano seguinte. Mas veio a crise e, desde então, só caiu. No ano passado, já em início de recuperação, foram fabricados 2,7 milhões de unidades e a previsão para este ano é de 3 milhões.

 

Segundo Mizoguchi, não estão previstas demissões na unidade de Sumaré, pois parte do pessoal também será transferida para a outra fábrica.

 

A transferência da produção será gradual, começando em janeiro com o Fit. Até 2021 irão para as novas instalações as linhas do Civic, City, HR-V e WR-V.

 

Essa opção, explica o executivo, é para “aproveitar a competitividade tecnológica da nova fábrica que, além de mais moderna, é mais flexível”. Se futuramente for preciso ampliar a produção, será mais fácil.

 

A fábrica de Itirapina tem capacidade para 120 mil veículos por ano, em dois turnos, a mesma da unidade de Sumaré, que fica a pouco mais de 100 km de distância e emprega 3 mil funcionários. Em alguns dias do mês eles precisam fazer horas extras.

 

Empregos

 

Para a produção do Fit serão necessários apenas 500 trabalhadores, que vão operar em um turno. O executivo informa que 30 deles já atuam na unidade, para manutenção dos equipamentos. Os demais serão transferidos de Sumaré.

 

Ele calcula que, quando todos os modelos estiverem em produção, serão necessários 2 mil trabalhadores para operar em dois turnos e será dada prioridade ao pessoal do grupo.

 

Embora haja projeções de crescimento contínuo nas vendas de veículos nos próximos anos, Mizoguchi acredita que a recuperação será mais forte no segmento de modelos mais baratos, o que mais perdeu mercado com a crise, mas no qual a Honda não atua. “O segmento em que atuamos (de automóveis premium e utilitários) também vai crescer, mas menos do que o mercado como um todo”, acredita o executivo.

 

As vendas da Honda no primeiro trimestre cresceram 10,9% em relação às de igual período de 2017, para 33,4 mil unidades. O mercado total de automóveis e comerciais leves teve alta de 15%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)