O Tempo
A busca pelo carro conectado vai bem além da internet. Gigantes de tecnologia e montadoras vêm travando uma verdadeira corrida nos bastidores para desenvolver soluções próprias de conexão que sejam capazes de gerar receita com a comercialização das informações geradas pelos motoristas. As operadoras de telefonia também disputam entre si, neste fim de ano, pelos principais fabricantes de automóveis do país para definir o modelo ideal para o mercado brasileiro. Até empresas de autopeças estudam o lançamento de chips embarcados em seus produtos mirando o aumento das vendas.
Para especialistas, o carro conectado será o principal pilar de receitas da chamada “internet das coisas”. No Brasil, a conectividade nos automóveis ainda está no estágio embrionário: responde por menos de 1% da frota brasileira. De acordo com pesquisa realizada pela Ford, estima-se que 5,6 milhões de veículos estejam conectados no Brasil até 2023. Nos EUA, a conectividade já está presente em 15% de todos os carros.
“Com o carro, você muda a interação com os outros usuários e os outros carros. O fabricante pode mandar atualizações de software para o carro e fazer diagnóstico. Uma empresa de seguro pode ver como você dirige o tempo todo. O (aplicativo) Waze estará em todos os automóveis assim como o acesso à TV pela internet”, disse Cristiano Amon, presidente da Qualcomm Technologies.
Nas teles, a disputa para fazer parte desse mercado está acirrada. Luiz Carlos Faray, diretor da Oi, diz que a estratégia é oferecer mais que a conexão. Segundo ele, o objetivo é fazer análise de dados e oferecer serviços como o armazenamento de informações na nuvem.
“A conexão em si vai ser algo entre 10% e 15% das receitas do carro conectado. O restante virá da integração do ecossistema, com seguradoras e fabricantes de autopeças. Será possível criar novas fontes de receita com esse volume de informações. Há montadoras no Brasil que estão neste fim de ano com processo de concorrência em andamento para implantar seu modelo de conectividade nos automóveis. Há fabricantes de carros estudando até a criação de uma operadora móvel virtual”, diz Faray.
Luis Minoru, vice-presidente de Estratégia e Inovação da Tim, acredita que as montadoras estão investindo em sistemas próprios porque elas querem coletar os dados dos motoristas, pois é isso, diz ele, que vai gerar valor. Por isso, a companhia vem conversando com os fabricantes no Brasil para fazer parte desse ecossistema. “Todos estão preocupados em criar novos serviços. As montadoras estão olhando a possibilidade de se tornarem operadora móvel virtual como uma oportunidade de negócios. Por trás disso está a coleta de dados”, destacou Minoru.
Sistemas que vão auxiliar o motorista
A Embratel também destaca as concorrências feitas pelas montadoras. Ney Acyr Rodrigues, diretor de negócios de internet das coisas da Embratel, diz que a tele tem hoje acordos com Volvo, GM e BMW na área de carros comerciais. Com esses acordos, são vendidos serviços como localizador de carro, travamento remoto das portas (via aplicativo no celular) e a possibilidade de falar diretamente com a central da montadora.
“A conectividade hoje é um valor adicional. Hoje, temos um total de 550 mil chips conectados aos carros. Acredito que, em dois anos, todos os veículos já vão sair conectados da fábrica. As montadoras estão hoje buscando fechar contratos”, disse Rodrigues.
Marcos Lacerda, vice-presidente de vendas da Qualcomm no Brasil, destaca ainda que a conectividade é hoje a prioridade da indústria automotiva. A companhia aposta na criação de uma plataforma conjunta com AT&T, Ford e Nokia, que vai reunir diferentes informações coletadas por meio de sensores e câmeras integradas capazes de “ver” e “ouvir” todo o ambiente, além de “sentir” a temperatura, para auxiliar o motorista.
“Estamos desenvolvendo um sistema que vai permitir, por meio da comunicação entre os carros, criar serviços para auxiliar o motorista em algumas ações, como detectar a melhor hora de mudar de faixa no trânsito, estacionar e identificar uma parada brusca no carro da frente”, afirma.
Acordos – Diversidade
Com mais de 240 mil carros conectados no país, a GM, dona da Chevrolet, selou acordo com Waze; Android Auto, do Google; CarPlay, da Apple; e Spotify. A companhia criou o sistema Onstar, que permite ao motorista, por meio do smartphone, comandar diversas funções do veículo.
Produtos – De olho
A T-Systems Brasil diz que as montadoras querem entender o tipo de informações que podem ser geradas pela conectividade para aumentar o portfólio.
Dados – Proposta
A Vecto Mobile lembrou da estratégia de fabricantes de autopeças que, com um chip, querem oferecer serviços de monitoramento aos clientes. (O Tempo)