Em compasso de espera, Honda manterá fábrica em Itirapina fechada

Notícias Automotivas/G1

 

A Honda continua esperando. Após ter inaugurado uma moderna planta de produção na cidade de Itirapina, interior de São Paulo, a montadora japonesa segue em compasso de espera, aguardando melhora do cenário automotivo nacional. Projetada quando o Brasil estava com vendas em alta, a fábrica acabou nem iniciando sua produção quando ficou pronta.

 

Com a crise no mercado nacional, a Honda decidiu manter a fábrica fechada, porém, não abandonada, tendo um pequeno time de técnicos que a mantém a manutenção dos equipamentos em seu interior. A montadora oficialmente disse que a fábrica só seria utilizada caso o mercado voltasse a vender 3 milhões de carros por ano.

 

Em 2017, foram somente 2,2 milhões e este ano a previsão é de algo perto de 2,5 milhões. Ou seja, a planta paulista só deve começar a funcionar por volta de 2020 se o ritmo de crescimento das vendas continuar nesse nível. De acordo com Issao Mizoguchi, presidente da Honda, em entrevista ao site G1, a empresa teria enfrentado uma situação difícil se tivesse insistido em operar essa segunda fábrica no país em plena crise.

 

Atualmente, a montadora opera a planta de Sumaré, também em São Paulo, com capacidade máxima, onde são fabricados Fit, City, WR-V, HR-V e Civic. A estrutura contempla a produção de 120 mil carros por ano, a mesma de Itirapina, mas com turnos reforçados e horas extras, alcança 140 mil. Atualmente a empresa emplaca bem alguns de seus modelos, em especial o HR-V, que continua na briga pela liderança de mercado, onde já dominou as vendas.

 

No entanto, a baixa capacidade limita muito os volumes se mais modelos começarem a crescer em vendas, o que no momento não está ocorrendo. O Civic, por exemplo, tem média de emplacamento de 2 mil unidades, embora pudesse vender bem mais. Mas, o motivo nesse caso nem seria a capacidade de produção, mas o preço.

 

Mizoguchi reconhece que o preço do carro está muito alto e mais, a Honda vive um dilema com seu best seller global. Aqui no Brasil, seu design agressivo atrai os consumidores jovens, porém, estes não podem pagar pelo modelo. O executivo aponta os impostos como motivo para os preços serem tão altos. Atraente para esse perfil de consumidor, o Civic não consegue assim se aproximar do rival Corolla, que emplacou em média 5,5 mil unidades/mês em 2017, mantendo um estilo mais conservador, apesar de também ostentar preços bem elevados.

 

Para esse caso específico do Civic, no momento, não parece haver uma saída para a Honda. O governo não concederá mais incentivos fiscais para o setor automotivo e mesmo a reforma trabalhista não trará grande redução nos custos de produção. Mizoguchi explica que não haverá uma redução de 30%, por exemplo, visto que a carga tributária fica entre 40% e 45%.

 

Além disso, para quem espera um Civic Hybrid ou mesmo o Novo Insight, o executivo diz que sem incentivos não há como adicionar tecnologias caras no país, pois caso contrário, os fabricantes terão de repassar o custo extra ao consumidor. Ele diz que o Brasil tem o etanol como uma alternativa mais viável de redução das emissões de CO2 do que carros elétrico e híbridos, enfatizando que o País não precisa seguir os passos de EUA e Europa. (Notícias Automotivas/G1/Ricardo de Oliveira)