O Estado de S. Paulo
Após mais de cem anos produzido veículos para humanos dirigirem, a General Motors anunciou que criará seu primeiro modelo totalmente autônomo, sem volante e nem pedais. Para testar, uma frota do novo veículo começará a trabalhar como serviço de taxi, em algum lugar dos Estados Unidos, a partir do ano que vem.
Esse é o primeiro modelo comercial e totalmente sem motorista anunciado pela GM em que o humano não poderá assumir o controle em nenhuma situação. O projeto faz parte da estratégia da empresa de se manter entre os líderes enquanto a indústria automobilística sofre fortes mudanças.
“Reunimos quatro gerações de veículos autônomos aso longo de 18 meses”, disse Dan Ammann, presidente da GM. “Você pode ter certeza que a quarta geração não será a última”.
Enquanto Waymo, Uber e outros atores do mercado estão construindo parceiras para desenvolver seus carros autônomos, GM optou por uma integração vertical. A empresa investiu US$ 600 milhões para a construção do modelo, além de comprar seu próprio fabricante de lidar — sensores antes comuns em aviões e que são fundamentais em carros que dirigem sozinhos — na tentativa de reduzir em até 99% os custos de seus sensores.
O anúncio acontece em um cenário que carros autônomos têm ganhado mais força no mercado. A Waymo, do Google, planeja lançar carros similares sem motoristas nos próximos meses.
Barreiras
Os novos veículos terão que enfrentar ainda os regulamentos federais dos Estados Unidos que exigem que os carros possuam, entre outras coisas, volantes. A GM, já questionou oficialmente o Departamento de Transportes do país na tentativa de isentar seu modelo de parte das regras que governam a segurança automotiva do país.
A empresa argumenta, por exemplo, que como a legislação foi criada para carros dirigidos por humanos, requisitos como pedal de freio ativado pelos pés e airbag embutido no volante não podem ser exigência em carros autônomos.
“Essas leis são quase ilógicas quando há uma inteligência artificial, um driver de computador”, disse Paul Hemmersbaugh, diretor de políticas da GM para veículos autônomos. A legislação pendente permitiria que os federais concedessem até 100.000 dessas isenções por ano para cada fabricante, a partir dos 2.500 atuais.
A parte mais difícil para a GM, no entanto, é convencer seus clientes a serem meramente passageiros. Pensando nisso a montadora considera exemplificar as vantagens dos veículos autônomos com hábitos que os humanos consideram irritantes e que poderiam ser resolvidos com automação. Se o piloto esquecer-se de fechar a porta ao começar a dirigir, por exemplo, o carro pode fazer isso automaticamente. Mas muitas perguntas relacionadas a escolhas éticas do veículo, no entanto, ainda estão longe de serem resolvidas. (O Estado de S. Paulo)