Seis tendências que vão dar as cartas no setor automotivo brasileiro em 2018

24 Horas News

 

Após um ano de recuperação do mercado, com 10% de crescimento nas vendas de automóveis e comerciais leves, o que esperar para este ano que se inicia? O que o balanço de 2017 aponta como tendências para 2018? Como os lançamentos previstos e o fim do Inovar Auto vão impactar as estratégias de cada marca nos vários segmentos do mercado? AutoBuzz analisou os números e os fatos para chegar a seis grandes tendências para o mercado brasileiro.

 

1 – O reinado dos SUVs continuará a aumentar

 

Não adianta lamentar o fim das peruas ou a decadência dos hatches médios. O momento é dos SUVs, e não será este ano, ou no próximo, que essa onda vai arrefecer. No ano passado, SUVs e crossovers representaram 22,3% das vendas de automóveis (descontados picapes, furgões e vans comerciais), um crescimento impressionante em relação aos 18% de 2016. Foi o primeiro ano cheio de hits  e lançamentos , como Jeep Compass, Hyundai Creta e Nissan Kicks nacional, além de Honda WR-V, que não foi tão bem assim. Por sua vez, hatches médios encolheram pela metade, de 2% para 1% do bolo. O mesmo com as peruas, de 0,6% para mísero 0,3%.

 

Basta olhar a lista de SUVs que serão lançados este ano para se ter uma noção de como será impossível frear o avanço dessa categoria. Os modelos altinhos e parrudos serão a grande aposta das marcas que não precisam mais obedecer às cotas do Inovar-Auto, como Kia (Stonic, primo do Creta), Lifan (X80), JAC (T60 e T70) e a coreana SsangYong, de volta ao país com o trio Tivoli, XLV e Korando. A chinesa Chery, agora nas mãos do Grupo Caoa, também investirá no segmento com o Tiggo 7.

 

Mas o grande lançamento do ano na categoria será o Volkswagen T-Cross, previsto para o Salão do Automóvel. Derivado do Polo, ele chega para brigar com HR-V, Creta, Renegade e cia. Outra aposta bacana e nacional é do Citroën C4 Cactus. A lista continua com modelos mais caros como os novos VW Tiguan (de sete lugares), Honda CR-V, Renault Koleos, Mitsibushi Eclipse (não é mais cupê, virou crossover), Peugeot 5008, Nissan X-Trail, BMW X2, novo X3, Volvo XC40, Jaguar E-Pace, novos Porsche Cayenne e Jeep Wrangler… Ou seja, mais de 20 lançamentos dos mais variados preços, portes e estilos. Mais da metade de tudo o que será lançado no Brasil em 2018. Tudo indica que os SUVs chegarão a 25% do mercado neste ano.

 

2 – Reação dos sedãs compactos

 

De 2016 para 2017, o segmento de sedãs pequenos encolheu de 19,2% para 17%. E seria pior se não fosse o sucesso estrondoso do Chevrolet Prisma. Mas dois lançamentos logo nos primeiros meses vão aquecer este segmento: Fiat Cronos e VW Virtus estão entre as estreias mais promissoras de 2018, em termos de volume de vendas.

 

O Cronos deriva do Fiat Argo, mas tem personalidade própria, muito mais do que tinha o Siena em relação ao Palio. Produzido na Argentina, é a maior aposta da Fiat no ano e chega em fevereiro com grandes expectativas de volume. O mesmo vale para o Virtus, derivado do Polo, mas com aspecto mais premium. Ele fará uma bela tabelinha com o Voyage para desafiar a dupla Prisma e Cobalt, da GM.

 

Na falta de novidades para o segmento dos sedãs médios (o único lançamento previsto é do Mercedes Classe A, importado), é nessa dupla de compactos, pero no mucho, que a indústria aposta para recuperar parte do terreno perdido para os SUVs. É mais do que fará o segmento de hatches, que ainda responde por 47% das vendas de automóveis, mas terá apenas o Toyota Yaris nacional como novidade de peso.

 

3 – Onda de reestilizações leves

 

Está sentindo falta de grandes lançamentos nacionais? É verdade, neste ano eles não passarão de cinco. O motivo é que quatro atrás anos o Brasil mergulhava para valer na crise, na recessão, na onda de desemprego. Muitas montadoras tiraram o pé nos investimentos. Como o ciclo de desenvolvimento de um carro novo é de quatro anos, a “bomba” estoura agora.

 

Para compensar a falta de grandes novidades, teremos este ano uma onda de reestilizações bem leves em importantes modelos nacionais. Ford Ka (hatch e sedã), Renaul Sandero e Logan, Peugeot 2008, Nissan March e Versa, VW Golf, Honda City e HR-V, Jeep Renegade. Outros poderão engordar essa lista. Sem falar em versões e séries especiais que servirão para dar uma agitada no mercado, enquanto novidades mais relevantes não aparecem. Como o reaquecimento do mercado se deu no ano passado, espere uma onda de grandes lançamentos apenas no início da próxima década, exceção feita à VW, que busca recompor sua participação de mercado e teve de dar de ombros para a crise.

 

4 – Motores cada vez mais compactos

 

A onda do downsizing de motores continua em alta, graças às exigências legais por mais eficiência energética e menos emissões. Em 2017, houve avanço na participação dos motores 1.0 ou menores. Eles representaram 30,5% do mercado, um pouco mais que os 29% de 2016.

 

O primeiro ano cheio de vendas do Renault Kwid, que promete finalmente embalar no mercado, ajudará a ampliar essa participação dos pequenos propulsores. O Ford Ka, que passará por uma atualização este ano, é outro campeão de vendas que deverá ampliar o bolo dos motores compactos, de alta eficiência. Sem falar no já mencionado VW Virtus, que terá motor três cilindros 1.0 turbo de 128 cv na versão de entrada (200 TSI).

 

5 – Maior oferta de híbridos e elétricos

 

Parte é pela estratégia de colar a imagem de ambientalmente correto e de antenado com as novas tendências. Parte é para cumprimento de metas de emissão média da gama. Mas o fato é que muitos modelos de propulsão elétrica chegarão às lojas brasileiras em 2018, para fazer companhia ao Toyota Prius. Por falar nele, foram razoáveis 2.405 emplacamentos em 2017.

 

A VW prometeu para este ano a chegada do reestilizado Golf com versões híbrida e elétrica. A Nissan vai anunciar no Salão do Automóvel de São Paulo a chegada do elétrico Leaf. Aliás, podem apostar em muitas versões híbridas expostas no Salão, sobretudo de marcas premium. Segundo o jornal O Globo, o governo federal planeja editar em breve uma medida provisória para incentivar a produção de carros híbridos e elétricos no Brasil. A MP deve reduzir de 25% para 7% o IPI para esse tipo de veículo, o que terá forte impacto sobre os preços dos modelos, inclusive dos importados.

 

6 – Aumento na modalidade Vendas Diretas

 

Essa tendência já foi tema de recente coluna AutoBuzz. Fechado o balanço de 2017, a participação das Vendas Diretas (vendas corporativas para pessoas jurídicas) chegou ao recorde de 40%. Há 10 anos, elas representavam apenas 24%. O acirramento da concorrência e a fragilidade do mercado varejo empurram cada vez mais montadoras para as Vendas Diretas, mesmo elas não sendo tão lucrativas.

 

Entre as principais montadoras, a Fiat lidera o ranking de dependência de VD, com 60%, até por sua liderança no segmento de picapes, onde essa modalidade predomina. Peugeot, Renault, Citroën e VW completam o top 5 de dependência de VD, todos com mais de 50% dos negócios. A Honda é a montadora com menor dependência de Vendas Diretas, com apenas 13% dos emplacamentos. Toyota e Mitsubishi também estão abaixo de 30%. As outras grandes marcas ficam na média de 40% a 50%. Está empolgado para algum dos lançamentos de 2018? (24 Horas News)