O Estado de S. Paulo
Líder do mercado brasileiro há dois anos, a americana General Motors deverá trazer ao Brasil em 2018 os primeiros veículos 100% elétricos importados para testar o interesse do consumidor local pela novidade. Além disso, a montadora iniciará a primeira operação comercial do serviço de aluguel de veículos Maven, que já funciona em várias metrópoles norte-americanas. No Brasil, por enquanto, o serviço está restrito aos funcionários da empresa e disponível em todas as unidades da GM.
Segundo o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, a intenção da montadora é tentar entender a velocidade da adoção das novidades que a empresa está desenvolvendo globalmente. Ao contrário de outras montadoras, a GM está otimista em relação às possibilidades do veículo elétrico no Brasil – globalmente, a intenção da multinacional americana é ter 20 modelos elétricos até 2023. “É uma mudança que vai acontecer. E tem algumas indústrias que vão perder com a eletrificação”, disse.
Em visita ao País no mês passado, o presidente global da marca Volkswagen, Herbert Diess, adotou posição diferente: embora a alemã esteja correndo para cumprir metas de vendas de carros elétricos na Europa, ele disse acreditar que, no Brasil, a tecnologia não é a melhor opção para reduzir emissões de gás carbônico. Para ele, a legislação, aqui, deveria priorizar o uso do etanol.
A discussão do elétrico versus o etanol é relevante dentro das discussões do Rota 2030, programa que vai substituir o Inovar-Auto e deve estabelecer novas regras de benefícios tributários para montadoras.
A chegada do serviço Maven – que consistirá em “bolsões” de carros que poderão ser alugados via um aplicativo – e o lançamento do elétrico no País (provavelmente, o modelo Bolt) poderão ser concomitantes, disse Zarlenga. O executivo explicou que, antes de tentar vender o veículo elétrico, a GM poderá locá-lo pelo Maven para testar o interesse do consumidor. O produto tem uma barreira de preço, já que dificilmente custaria menos de R$ 100 mil por aqui.
Investimentos
Após renovar boa parte de sua linha entre 2013 e 2016 – e de assumir a liderança do mercado –, a General Motors reduziu os lançamentos em 2017. Para 2018, há a expectativa de novidades, como um novo SUV (utilitário leve) – notícia que Zarlenga não quis confirmar. A companhia anunciou investimentos de R$ 4,5 bilhões no Brasil até 2020, divididos entre as unidades de São Caetano do Sul (SP), Joinville (SC) e Gravataí (RS).
A recuperação do mercado brasileiro em 2017 também ajudou a trazer a operação da GM na América do Sul – na qual a participação do Brasil é superior a 50% – ao primeiro resultado positivo em quase três anos. O lucro da companhia na região foi de US$ 59 milhões no terceiro trimestre de 2017.
A GM trabalha com expansão de até 15% para o mercado brasileiro no ano que vem – caso as expectativas mais otimistas da montadora se confirmem, o Brasil venderá 2,6 milhões de veículos em 2018. Neste ano, o presidente da GM disse que a montadora tirou proveito do fato de ter sido mais otimista que a média do mercado – isso permitiu que a empresa preparasse a cadeia de fornecedores para a demanda, que deverá ficar em 2,25 milhões de unidades.
De janeiro a novembro de 2017, a GM manteve a liderança isolada do mercado de automóveis e comerciais leves, com 18,13% dos emplacamentos, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em seguida vêm a Fiat, com 13,45%, e a Volkswagen, com 12,52%.
Boa parte do resultado está calcada nas vendas do Ônix, que contabiliza 171,1 mil emplacamentos até novembro, contra 96,8 mil do HB20 (Hyundai) e 87 mil do Ka (Ford). Apesar de frisar que a GM está tendo bons resultados em segmentos de maior valor agregado, Zarlenga disse que é natural que a liderança de mercado reflita os veículos de entrada. “No Brasil, esses produtos representam cerca de 50% do mercado”. (O Estado de S. Paulo/Fernando Scheller)