Expansão industrial segue lenta, mas com maior disseminação entre áreas

DCI

 

Apesar de lenta, a recuperação da produção industrial está mais disseminada. De julho a setembro, 58 de 93 segmentos – o equivalente a 62,3% da indústria – tiveram alta frente ao intervalo de abril e junho, segundo estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), obtido com exclusividade pelo DCI.

 

Na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano, eram apenas 37 segmentos com expansão, o que representava 39,7% dos 93 ramos avaliados pela Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

De acordo com o economista do Iedi, Rafael Cagnin, houve praticamente uma inversão entre os ramos que recuavam, que passaram para o positivo. Assim, o total de segmentos com desaceleração do primeiro trimestre para o segundo, que era de 54, recuou para 33.

 

“Cada vez mais temos segmentos voltando para o terreno positivo, mesmo que essa alta esteja num ritmo lento. Há uma perspectiva, na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre, de aumento do total de ramos com crescimento”, avalia. “Isso caracteriza uma maior disseminação da expansão da produção, mas sem um grande vigor ou vitalidade na recuperação que possa resgatar as perdas dos últimos anos na produção”, explica Cagnin.

 

Um ponto importante da disseminação da retomada foi a reação da indústria de transformação, fato que não ocorria desde o primeiro trimestre de 2014, ressalta o Iedi. Após recuar 6% no acumulado do ano passado frente a 2015, o segmento voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano, com alta de 3,1%. Dessa forma, entre janeiro e setembro, a indústria de transformação soma uma expansão de 0,9%. Enquanto isso, a indústria extrativa registra, no período, alta de 6,1%.

 

A indústria em geral acumula avanço de 1,6% nos nove primeiros meses deste ano em relação a igual intervalo de 2016. “Cabe ressaltar que boa parte da expansão foi impulsionada pelas baixas bases de comparação sobre o ano passado, o que favorece os resultados positivos de 2017”, pondera o economista do Iedi. No ano passado, a indústria geral recuou 6,4%, acrescenta.

 

Aceleração

 

Entre os ramos pesquisados, aqueles com expansão superior a 10% passaram de 13, no segundo trimestre deste ano, para 15, de julho a setembro. Neste caso, o incremento no total de segmentos foi puxado pela área de bens de consumo duráveis, como produtos eletrônicos, informática, áudio e vídeo, automóveis e caminhões, equipamentos de comunicação, produção de carnes e fumos.

 

No entanto, entre as categorias de uso, a de semiduráveis vem apresentando uma retomada importante. “Segmentos como vestuário, têxtil e confecção, que estão no topo da lista dos primeiros itens a serem cortados, estão com um aumento da demanda, diante da melhora da renda, queda da inflação e alta do crédito. São produtos que têm seu consumo adiado, mas não de forma definitiva”, acrescenta.

 

Na ponta extrema, ou seja, com quedas superiores a 10%, houve um recuo de 13 segmentos na passagem do primeiro para o segundo trimestre, para 8 ramos entre o segundo e o terceiro trimestres. Conforme recorte da pesquisa do IBGE feito pelo Iedi, o pior desempenho ficou por conta da área de lâmpadas e outros equipamentos de iluminação, que acumula recuo de 34,3% entre janeiro e setembro, após registrar uma queda de 27,2% no ano passado.

 

Não-duráveis

 

Por outro lado, a categoria de bens não-duráveis vem mantendo uma expansão entre fraca e moderada, sobretudo de alimentos e bebidas. “Esses produtos, por serem essenciais, não são cortados completamente. Neste caso, se fez o “downgrade” do consumo, com a procura por itens mais baratos, mas sem afetar tanto a quantidade produzida”, diz Cagnin, citando iogurte e creme de leite como afetados. (DCI/Rodrigo Petry)