Por que você deve comprar um carro usado

Jornal do Carro

 

Na quarta-feira, eu e o editor-assistente Diego Ortiz estávamos apresentando nosso programa semanal no Facebook, que tem ampla participação dos internautas. O que o pessoal mais comenta? Coisas como: pelo preço de um Gol 1.0 zero-km, eu compro um Corolla seminovo. Mas por que você, caro leitor, deve comprar um carro usado? E por que não?

 

Analisando a tabela do Jornal do Carro, dá para dizer, de cara, que o internauta que fez o comentário sobre Gol está errado. Um Gol 1.0 parte de R$ 42.990. Com esse valor, o máximo que ele conseguiria comprar é um Corolla 2011.

 

A defasagem não é nem o problema. O problema é que não se trata de um carro seminovo. Seminovo é veículo com no máximo cinco anos de uso, e olhe lá – para mim, o ideal é chamar de seminovo carros que ainda estão na garantia.

 

Mas, com exceção de carros da Honda e Toyota, que têm desvalorização baixa demais, dá sim para comprar um belo seminovo pelo preço de um zero-km popular. E, aí, a tentação é quase irresistível.

 

Afinal, você terá à disposição um modelo mais tecnológico e que anda mais. Além disso, na maioria dos casos, também com mais espaço.

 

Pelos cerca de R$ 43 mil de um Gol, dá para levar para casa, por exemplo, um hatch Cruze 2012. Já fora da garantia, o que não é muito legal. Ainda assim, ainda um modelo “seminovo”, na definição do mercado. O carro tem motor 1.8 de 140 cv.

 

Para quem precisa de mais espaço, e quer um carro ainda mais novo, uma opção por este preço é um Spin 2015, da mesma marca. Dá para investir até num Honda, mas não num Civic, e sim num City 2014.

 

Para quem gosta dos SUVs, com a grana do Gol, leva-se para casa um Duster 1.6 2014. Com um pouquinho mais de investimento, é possível comprar um 2015 – cerca de R$ 46 mil.

 

A faixa de preço mais interessante para um usado seminovo, no entanto, é a de R$ 60 mil. Por este preço, em vez das versões intermediárias ou completas de Argo, Polo, Onix e HB20, você pode levar para casa um Jetta 2.0 2014, por exemplo.

 

Dá até para realizar o sonho de muitos. O Corolla sai por R$ 60 mil na gama 2015. Trata-se da primeira linha da atual geração – mas antes da reestilização aplicada no carro neste ano.

 

Essas opções são realmente tentadoras porque os carros citados não representam custos tão mais altos que os modelos 1.0. É claro que o proprietário vai gastar um pouco mais de combustível que com o 1.0, mas nada que comprometa tanto o orçamento – principalmente se não houver grandes deslocamentos diários.

 

Além disso, a maioria dos sugeridos ainda está em período de garantia. A média no Brasil é de três anos. E suas peças de reposição e planos de manutenção não são tão mais caros também – Toyota e Honda, principalmente, às vezes oferecem pacotes mais baratos que os ofertados para os 1.0.

 

Quanto ao seguro, a tendência é que o preço seja também um pouco inferior. No entanto, há alguns modelos 1.0 que têm seguro mais caro que o do Corolla, pois não é só o preço do carro que entra na equação.

 

Há ainda o fator desvalorização. A maior depreciação do carro ocorre no momento em que ele sai da concessionárias. O percentual varia de 10% a 15%, mas pode ser maior.

 

Nos anos seguintes, o carro desvaloriza menos. Por isso, aqui vale uma máxima que o brasileiro adora: com o carro usado, se perde menos dinheiro.

 

Na hora de comprar um usado, exija sempre fazer o test drive, para checar dirigibilidade e barulhos, principalmente. Se não for muito atento aos detalhes do carro, leve um amigo que entenda bastante do assunto, ou mesmo um mecânico de confiança. Olhar pneus e estado do motor, entre outros aspectos, é importante.

 

Usados comprados de lojistas têm, por lei, três meses de garantia. Geralmente, é tempo suficiente para saber se o carro vai dar ou não algum problema.

 

Carro usado: Fuja das frias

 

A não ser que você seja uma pessoa sem apego aos gastos “extra” carro, fuja do usado com mais de cinco anos. Por mais que ele aparente estar em bom estado. Quanto mais velho o carro, mais a incidência de problemas, e mais alto é o gasto com manutenção.

 

Mesmo que o problema seja de fábrica, de responsabilidade da montadora do carro, o proprietário vai ter dor de cabeça para conseguir provar esse fato. Talvez, tenha de ir à Justiça.

 

O carro sem garantia acaba sendo, portanto, uma grande dor de cabeça.

 

O mais importante: esqueça sonhos absurdos, como aquele de comprar o BMW, o Mercedes e o Land Rover dos sonhos por R$ 60 mil.

 

Com esse valor, dá para comprar, por exemplo, um C200 2009 ou um BMW 118i 2011. Land Rover? Só coisa produzida na década passada, como um Freelander, por exemplo.

 

Porém, os seguros desses carros são estratosféricos. As peças, praticamente impraticáveis, principalmente para clientes de modelos zero-km de R$ 60 mil. Assim, o sonho acaba virando um pesadelo. (Jornal do Carro)