O Estado de S. Paulo
A Volkswagen Caminhões e Ônibus, empresa do grupo MAN Latin America, iniciará em 2018 testes com um caminhão elétrico de pequeno porte para entregas urbanas. O e-Delivery foi desenvolvimento no Brasil em parceria com outras empresas e um protótipo foi apresentado ontem na Alemanha em evento da marca alemã chamado de “Dia da Inovação”.
A ideia é testar o veículo nos próximos dois anos e, em 2020, iniciar a produção na fábrica de Resende (RJ), informa Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, que ontem participou da apresentação do veículo em Hamburgo. “Somos a primeira fabricante na América Latina a apresentar uma proposta de veículo elétrico no segmento de caminhões leves”, diz Cortes.
O veículo também será apresentado no Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas – Fenatran, que será realizado de segunda-feira a sextafeira da próxima semana no São Paulo Expo, na capital paulista.
O anúncio do projeto local ocorre num momento em que a maioria das montadoras anuncia, em seus países-sede, projetos de eletrificação de seus veículos e algumas delas, como a Volvo, estabelecem prazos para acabar com a produção de veículos a combustão. Diversos países, em especial a China, também estão incentivando a produção de veículos não poluentes.
O e-Delivery é a versão elétrica do Delivery, da categoria dos chamados VUCs (Veículo Urbano de Carga), à venda no mercado brasileiro desde e entrada em vigor de regras que proíbem a circulação de caminhões nos grandes centros urbanos, como São Paulo.
O veículo terá duas configurações para transportar até 9 e 11 toneladas de carga. Sua aplicação, segundo Cortes, será voltada principalmente aos países emergentes. Parceria. O VUC será testado localmente por clientes da MAN nos próximos dois anos para avaliar dados como aplicação, performance, vida útil das baterias, infraestrutura para abastecimento e modelo de vendas. O investimento para a produção local está inserido no plano de R$ 1,5 bilhão que a montadora anunciou para o período 2017 a 2021.
Também participam do projeto a Eletra – empresa nacional que em 2013 lançou o e-Bus, primeiro ônibus 100% elétrico do Brasil –, a Weg, que produzirá o motor elétrico, e a Enel, multinacional do ramo de geração, distribuição, transmissão e venda de energia.
A bateria de íon-lítio será importada da fabricante chinesa Winston Battery, mas Cortes acredita que futuramente poderá ser produzida no Brasil. Terá autonomia para rodar de 100 a 200 quilômetros, de acordo com a aplicação do veículo. A recarga total pode ser feita em 3 horas, mas em 15 minutos é possível uma carga de 30% da bateria.
Cortes informa que estudos feitos com transportadores de bebidas indicam que os VUCs rodam em média 50 km a 70 km por dia. “Esse projeto insere, definitivamente, a engenharia brasileira na rota global de tecnologia”, afirma o executivo.
A Eletra foi criada em 1988 e tem sede em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. De acordo com a empresa, a bateria do e-Delivery tem ciclo de vida de cinco anos. Após este período, poderá ser devolvida para a Volkswagen e será reutilizada em nobreaks por cerca de 25 anos. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)