O Estado de S. Paulo
Ajudada por exportações crescentes, a produção da indústria automobilística atingiu 2,58 milhões de veículos em 12 meses, até setembro, crescimento de 23,5% em relação aos 12 meses anteriores e de 39% entre os meses de setembro de 2016 e de 2017, segundo a associação das montadoras, a Anfavea. A queda da produção de 9,2% entre agosto e setembro deveu-se a fatores sazonais e ao menor número de dias úteis, não alterando a tendência de retomada do setor, que volta aos níveis de 2014 e deixa para trás a fase aguda da recessão.
Salvo a comparação entre agosto e setembro, os números do setor são favoráveis. Os licenciamentos aumentaram 1,8% nos últimos 12 meses, comparativamente aos 12 meses anteriores, atingindo 2,2 milhões de unidades. As exportações cresceram 42,8% em 12 meses, passando de US$ 10,3 bilhões para US$ 14,6 bilhões.
O emprego direto oferecido pelas montadoras aumentou 1,3% em 12 meses, para 126,3 mil pessoas. São empregos de boa qualidade, que escassearam na fase crítica por que passou o setor, quando dezenas de milhares de trabalhadores foram demitidos ou entraram em regimes especiais, como lay-off, corte de horas e de rendimentos ou férias coletivas fora dos períodos previstos. Nos subsetores de máquinas, equipamentos e tratores, a recuperação do emprego foi ainda mais forte, com crescimento de 13,1% em um ano (+2,2 mil vagas).
Não só a retomada do setor foi significativa nos últimos meses, como as perspectivas continuam a ser bastante favoráveis, não apenas neste fim de ano, como, provavelmente, também no ano que vem.
Os consumidores de veículos leves ou de passeio começam a se beneficiar com a melhora do emprego e da renda real. A queda dos juros, que tende a ser mais forte nos próximos meses, é decisiva para o desempenho do setor, pois grande parte das vendas é feita a prazo ou mediante a troca pelo veículo usado.
O comportamento do mercado de usados, relevante para a desova do estoque de novos, também é favorável, como indicam os levantamentos mensais da federação das distribuidoras, a Fenabrave.
Quanto a veículos pesados e máquinas, uma recuperação mais forte depende da conjuntura econômica e da volta de investimentos em transporte público, o que pode demorar mais tempo que o desejável. (O Estado de S. Paulo)