O Estado de S. Paulo
Uma radiografia do desempenho da arrecadação ao longo deste ano ajuda a ilustrar o movimento disseminado de recuperação da economia. As receitas com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis tiveram alta real de 39,9% entre janeiro e agosto em comparação a igual período de 2016.
Já a arrecadação com o IPI sobre produtos alimentícios subiu ainda mais, 86,1% no período. São sinais da retomada do consumo e da maior disponibilidade de renda das famílias, avalia o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias.
“A gente percebe movimento positivo saindo de período recessivo longo”, diz. “Há vários elementos que estão sinalizando nessa direção. Partindo da arrecadação, dá para dizer que os indicadores estão convergindo”, afirma Malaquias, ressaltando a melhora na trajetória de receitas do governo.
Os efeitos positivos não vêm apenas do consumo das famílias, mas também do setor produtivo. As receitas com IPI de outros veículos (como caminhões e máquinas agrícolas) avançaram 35% nesses oito meses, um indicativo de que pode haver retomada nos investimentos. A indústria também está demandando mais matéria-prima, uma vez que recolheu mais tributos sobre produtos químicos.
Mas um dos indicadores mais importantes é a receita previdenciária, que tem ganhado força nos últimos meses. Após começar 2017 em queda, a arrecadação subiu 4,44% acima da inflação em agosto.
“Isso é emprego. O trabalho é um importante sinalizador. Além de significar que a pessoa está empregada em algum lugar, na outra ponta ele recebe um salário e vai gastar em alguma coisa”, afirma Malaquias. (O Estado de S. Paulo/Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli)