O Estado de S. Paulo
Engana-se quem pensa que só grandes empresas de tecnologia, como o Uber, apostam no potencial dos veículos sem motorista. No Brasil, acaba de nascer a 3D Soft, primeira startup a tentar explorar esse segmento, fundada por ex-pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel (LRM), do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, no interior do Estado.
A empresa começou a operar em setembro e já negocia com grandes companhias o desenvolvimento de tratores autônomos e caminhões sem motorista para uso na mineração.
A 3D Soft representa a primeira iniciativa nesta área no Brasil, embora as pesquisas sobre carros autônomos tenham começado na USP São Carlos em meados dos anos 2000. Desde então, os pesquisadores já fizeram dois protótipos de um carro sem motorista, além de um projeto de um caminhão, em parceria com a montadora Scania. “As empresas começaram a demandar muitos projetos, mas não conseguimos atender”, conta o professor da USP Denis Wolf, que também dirige do LRM.
O problema levou Patrick Yuri Shinzato, que terminou seu doutorado no LRM em 2015, a buscar sócios para fundar a startup. Ele se uniu a outros pesquisadores da área e começou a estruturar a 3D Soft no fim de 2016. Em paralelo, retomou o contato com empresas que procuraram o LRM no passado para projetos de pesquisa.
Mão de obra
“O maior desafio é encontrar gente especializada em veículos autônomos no País”, diz Shinzato, que pretende seguir com a parceria com a USP. A 3D Soft tem hoje uma equipe de quatro pessoas –e a meta é dobrar o time até o início de 2018.
Ainda sem investidores privados, a startup busca apoio em um programa de incentivo à inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Ao ajudar empresas a desenvolver veículos autônomos em vez de criar carros “convencionais”, a 3D Soft desvia de questões como a necessidade de regulação em áreas urbanas – os veículos da empresa só serão usados em áreas particulares.
Entrar logo no segmento também pode ajudar a empresa a conquistar parcerias locais com grandes companhias – como o Uber. “Estaremos bem posicionados quando essas empresas iniciarem seus testes aqui”, afirma Shinzato.
Colaboração
“O maior desafio é encontrar gente especializada em veículos autônomos no País, por isso ficaremos perto da universidade.” Patrick Shinzato, cofundador da 3D Soft. (O Estado de S. Paulo)