Volkswagen Caminhões vê retomada de mercado e ingressa em novo segmento com família de leves

Reuters

 

A Volkswagen Caminhões e Ônibus espera que o mercado brasileiro de veículos comerciais mantenha tendência de recuperação até o final deste ano, caminhando para interromper um ciclo de quatro anos de quedas em um momento em que a empresa ingressa na base do segmento de leves com uma nova família de produtos.

 

A companhia, que disputa a liderança do mercado brasileiro de caminhões com a Mercedes-Benz, anunciou nesta quarta-feira lançamento de família de caminhões formada por seis modelos e que é direcionada para atender um setor responsável por cerca de 30% das vendas de caminhões no país.

 

O lançamento é resultado de investimento de 1 bilhão de reais no projeto iniciado em 2011 e considerado pelo presidente da companhia na América Latina, Roberto Cortes, como o mais importante já realizado pelo grupo.

 

“É difícil fazer negócio em um país com instabilidade política, mas existe uma crença de que estamos no caminho certo…A indústria começou o ano com queda de 30% nas vendas sobre um ano antes, mas começou a melhorar com as vendas saindo de 155 caminhões e ônibus por dia no país em janeiro para 270 em julho, quase o dobro”, disse Cortes.

 

Segundo ele, mesmo que as vendas não cresçam significativamente este ano, “em 2018 tudo aponta para que o rumo seja positivo, com aprovação de reformas e ambiente de negócios melhor. E, em 2019, teremos recuperação”, disse Cortes, acrescentando que a projeção de investimento da empresa para o período de 2017 a 2021 é de 1,5 bilhão de reais.

 

Neste mês, a associação de montadoras, Anfavea, cortou a estimativa para as vendas de veículos pesados, que incluem caminhões, em 2017 para uma alta de 3,6%, a 64 mil unidades. A projeção inicial previa crescimento de 6,4%.

 

A indústria de caminhões do Brasil, um termômetro do nível de investimento na economia do país, teve vendas de 140 mil veículos em 2014, caindo a 51 mil em 2016. No caso da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a empresa começou este ano trabalhando apenas um turno durante quatro dias por semana na fábrica em Resende (RJ), ritmo que em agosto passou a 5 dias por semana e três sábados por mês, disse Cortes.

 

O executivo afirmou que a nova família de veículos foi lançada para atender mudanças nas tendências de entregas de produtos no país causadas pela forte expansão do comércio eletrônico e dificuldades próprias de locomoção nos grandes centros brasileiros.

 

O modelo mais leve da família, com 3,5 toneladas de peso bruto total, pode ser conduzido por motoristas com habilitação para conduzir automóveis e deverá entrar em competição direta com modelos populares no país de montadoras asiáticas como a Hyundai.

 

Segundo Cortes, os novos modelos foram desenvolvidos no Brasil e Alemanha para atender mercados emergentes, mas o foco por enquanto é no brasileiro e no latino-americano. A família de caminhões leves deverá ajudar a empresa a cumprir a meta de dobrar a participação de suas exportações no total de vendas de 15% para 30% nos próximos dois a três anos, disse o executivo.

 

Ele acrescentou que os modelos “serviriam para a Ásia, mas é uma questão de se fazer a conta de retorno…É um projeto para países emergentes”. (Reuters/Alberto Alerigi Jr.)