Cuidado com as armadilhas das concessionárias no momento de trocar o seu carro usado

Carsale

 

There is no free lunch (Não existe almoço grátis). Essa é uma frase do mundo dos negócios que define bem o tema dessa coluna. Significa que é impossível conseguir algo sem dar nada em troca.

 

Quando nos deparamos com anúncios de concessionárias, vemos uma série de promoções que num primeiro instante parecem imperdíveis. Isso faz parte de qualquer mercado e não tem nada de errado em querer atrair o público para consumir seus produtos, mas vale a pena ir bem informado para não ser passado para trás nessas negociações.

 

Entre algumas promoções, uma que tem aparecido bastante nos últimos tempos é a de pagar o valor da tabela Fipe no seu usado, na troca por um novo. Como algo pode ser mais tentador do que isso?

 

Sempre que avalio um carro numa concessionária, aproveito e converso sobre isso com o vendedor, para entender como é na prática. Alguns são diretos e já falam que pagam fipe no usado, mas o novo também será vendido no preço cheio de tabela.

 

Ou seja, não passa de uma grande ilusão. Você pensa que está fazendo um bom negócio, afinal, está se livrando do seu carro antigo por um valor que talvez nem conseguisse numa venda particular, mas em compensação está pagando mais do que poderia pagar no carro novo, se não tivesse que colocar o seu na troca.

 

No fim das contas, é a diferença entre o novo e o antigo que importa, e o negócio só vai para frente se essa diferença for interessante para a concessionária. E para ser interessante as entrelinhas são bem (nem sempre) claras, para que a balança possa sempre pender mais para o lado deles. Na maioria das vezes, são unânimes nesses pontos:

 

– seu carro antigo precisa ter pouco tempo de uso, algo entre 1,2 ou 3 anos. (tente trocar seu Ford Focus 2008)

– seu carro antigo precisa ter baixa quilometragem, geralmente o máximo de 10.000 km por ano (tente trocar seu Fiat Uno com 150.000 km).

– seu carro antigo precisa ser de uma marca tradicional, que tenha bom mercado (tente trocar seu Chery QQ).

– seu carro antigo precisa ser de uma categoria que interessa para eles (tente trocar seu Peugeot 308 conversível).

– seu carro antigo precisa ser completo (tente trocar seu VW up! sem ar condicionado e direção assistida).

– seu carro antigo não pode ter detalhes (tente trocar seu Honda Civic com ralados nos para-lamas).

– seu carro antigo precisa ter carimbo de revisões em concessionária (tente trocar seu Chevrolet Onix com trocas de óleo em oficina particular).

– seu carro antigo não pode ser importado (tente trocar seu Kia Cadenza).

– seu carro antigo não pode valer mais que o novo (tente trocar seu Land Rover Discovery).

– o carro novo será um modelo na versão, cor e opcionais escolhido por eles.

– o carro novo pode ser de um lote fabricado no ano anterior.

– o carro novo pode ser de um pequeno estoque limitado.

 

Veja que os requisitos são muitos e poucos vão se enquadrar. Ainda sim, os poucos que se enquadram, vão sofrer daquilo que disse no início, onde vão pagar preço cheio no carro novo.

 

O objetivo não é vender essa promoção, mas sim conseguir convencer o consumidor a visitar a concessionária. Uma vez estando lá, não faltarão outras artimanhas para que saia algum tipo de negócio, algo como taxa zero de juros ou preço de nota fiscal de fábrica, outras duas conversas para “boi dormir”.

 

Meu amigo, se você quer mesmo fazer um bom negócio, o melhor é vender seu carro no particular e só depois que tiver o recurso total disponível, partir para comprar o novo, seja ele zero ou usado, com total poder de barganha. (Carsale)