Tesla: a queridinha do momento no radar

DCI

 

Bem provável que você tenha ouvido falar na empresa Tesla. O carro da marca é assunto recorrente na mídia e, em 2016, o negócio entrou no ranking das 10 marcas automotivas mais valiosas do mundo, com um valor estimado em US$ 60 bilhões, ultrapassando multinacionais como General Motors e Ford. É bom ressaltar que nem sempre os mais inovadores e visionários são os que ganham mais dinheiro. Ser pioneiro também não garante a permanência do sucesso. Exemplos valiosos a serem lembrados são o site AltaVista (comprado pelo Yahoo), que dominava as buscas na internet, o portal Netscape, que dava acesso à internet, a PanAm, empresa aérea, entre outras.

 

Só para ter uma ideia, a Tesla produziu em 2017 pouco menos de 80 mil carros, mas perdeu dinheiro em todos. A Ford e a GM, por outro lado, apresentaram lucro, pagaram dividendos e produziram aproximadamente 6,6 milhões e 10 milhões de veículos, respectivamente. Não podemos esquecer que outras multinacionais da área já estão com projetos que prometem acirrar a competição na venda de carros elétricos. A BMW, por exemplo, já entrou nessa. Ou seja, a Tesla está perdendo dinheiro no momento onde existem gordos subsídios e não há competição. O que acontecerá quando a situação mudar?

 

Ano após ano ela precisa injetar capital para sobreviver, mesmo com os volumosos subsídios do governo. Essa situação é semelhante a uma pessoa quebrada, que precisa de dinheiro todo mês para pagar suas contas e ir vivendo uma vida de luxo graças à boa vontade dos amigos. Até o dia em que os amigos param de ajudar. O tempo passa e a Tesla vende mais ações, diluindo o potencial de ganho entre seus acionistas. Além disso, a companhia tem uma dívida e, com a taxa de juros nos EUA subindo, os resultados financeiros não devem colaborar. Lembrando que os bonds da empresa são classificados como junk, abaixo do almejado grau de risco.

 

Gosto da Tesla e o que ela representa, mas acho que o negócio vive da boa reputação do seu CEO Elon Musk. Os investidores que estão pagando qualquer preço na expectativa de que o valor das ações subirá ainda mais podem se dar mal. Essa situação parece uma bolha, tem formato de bolha e aspecto de bolha, simplesmente porque é uma bolha. Hoje, depois de alguns bilhões a mais de caixa queimados e uma situação ainda pior com a incorporação da também quebrada Solar City, a insanidade de Wall Street toma conta e estamos retomando a operação de short. Infelizmente a Tesla não foi a primeira e não vai ser a última empresa com esse perfil.

 

Em julho de 2000, por exemplo, as ações da empresa Nortel Networks atingiam seu pico a US$124,50. Em apenas dois anos, suas ações passaram a valer US$ 0,67, uma queda expressiva de mais de 99%. Da mesma forma, na época, tietes investidores se gabavam da qualidade do management e da sua capacidade de fazer a empresa crescer. Resumindo, para mim, a Tesla pode ser a Nortel desses tempos. (DCI/Marcelo Lopez)