O Estado de S. Paulo
Um juiz federal em Detroit, nos Estados Unidos, sentenciou ontem o ex-engenheiro James Liang a 40 meses de prisão por seu papel no esquema da Volkswagen para vender carros movidos a diesel mais poluentes do que o permitido pelas leis ambientais norte-americanas.
Liang se declarou culpado no início do ano e cooperou com autoridades policiais que investigam a montadora. Os procuradores recomendaram, na semana passada, que o engenheiro fosse condenado a três anos de prisão, enquanto seus advogados pediram prisão domiciliar.
O juiz Sean Cox disse a Liang, em audiência, que ele fazia parte de uma conspiração de longo prazo e cometeu uma “fraude assombrosa para o consumidor norte-americano. Esse é um crime muito grave e preocupante contra o nosso sistema econômico”.
Cox ainda determinou que o engenheiro pague uma multa de US$ 200 mil – dez vezes o montante recomendado pelos procuradores. O magistrado disse esperar que a sentença impeça condutas semelhantes de outros engenheiros e executivos da indústria.
Liang, que pode apelar da decisão, ainda é funcionário da Volkswagen, mas não atua mais como engenheiro. Ele é o primeiro executivo da empresa a ser condenado no escândalo da emissão de poluentes. Outros sete profissionais, entre executivos e ex-funcionários, estão respondendo a processos.
Em março deste ano, a montadora também se declarou culpada em três acusações que envolvem o uso de um software para burlar testes de emissões de poluentes nos Estados Unidos e na Europa entre 2006 e 2015. Na ocasião, a companhia concordou em pagar até US $ 25 bilhões para resolver reclamações de proprietários de carros e comprar de volta cerca de 500 mil veículos.
A Volkswagen não comentou a decisão da Justiça americana, mas disse que continua colaborando com as investigações. O advogado de Liang, Daniel Nixon, afirmou que seu cliente não foi o responsável intelectual pela fraude e que apenas executou uma ação “equivocada” ao ser “cegamente” fiel a seu empregador. (O Estado de S. Paulo)