O Estado de S. Paulo
A relação entre a produção total de manufaturados do País e a produção exportada, conhecida como coeficiente de exportação, caiu de 20,7% para 20,1% entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, segundo a pesquisa Coeficientes de Exportação e de Importação, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A informação, que contrasta com a alta das exportações de manufaturados registrada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), deixa evidentes as dificuldades para ampliar o espaço do Brasil no comércio internacional desses bens, entre os quais estão itens de produção mais sofisticada e de maior conteúdo tecnológico. É o reflexo da ainda baixa competitividade do País.
O coeficiente de exportação da indústria de transformação cresceu quase ininterruptamente desde 2009, atingindo o nível mais elevado no segundo trimestre de 2016 (20,9%). Como as oscilações foram frequentes na série histórica dos últimos 15 anos, é possível que a queda recente reflita fatores pontuais.
No segundo trimestre, enquanto o aumento quantitativo da produção industrial foi de 1,9%, as exportações diminuíram 1%. Os maiores porcentuais de crescimento da exportação ocorreram com produtos têxteis, madeira e máquinas, aparelhos e materiais elétricos, enquanto as maiores retrações foram verificadas em celulose e papel, indústrias diversas e derivados de petróleo e combustíveis.
No caso de celulose e papel, a queda ocorreu após um trimestre de forte alta, o que faz supor uma acomodação de mercado. Quanto a derivados de petróleo, trata-se de um segmento marcado por fortes oscilações de preço, o que pode tornar recomendável o atraso nas exportações, quando há, por exemplo, condições favoráveis de estocagem.
Também o coeficiente de importação da indústria de transformação se reduziu – de 21,5% para 20,2% – entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano.
A retomada do mercado doméstico parece ser a principal explicação para a diminuição do coeficiente de exportação da indústria. Há, neste caso, um elemento favorável, indicativo de uma recuperação mais forte da indústria. Mas seria melhor que as exportações fossem mais fortes, pelo sinal positivo que transmitem sobre a competitividade do País no mercado global. (O Estado de S. Paulo)