Agora vai? Mercado de carros dá primeiros sinais de que vai “destravar”

UOL Carros

 

Continua difícil prever o que acontecerá nesse segundo semestre em termos de recuperação do mercado interno de veículos (automóveis e comerciais leves representam 95% do total). Depois da boa reação de junho, julho voltou a mostrar desaceleração no ritmo de vendas diárias.

 

Ainda assim, é provável que no balanço final do ano o crescimento supere os 4% previstos pela Anfavea (associação dos fabricantes) sobre os 12 meses de 2016. São números descolados do aumento do PIB (soma de tudo que se produz no país) estimados em apenas 0,5% em relação ao ano passado.

 

Há algumas razões para isso. A primeira é o recuo de preços puxado pela baixa inflação, que deverá atingir apenas 3,5%, abaixo da meta de 4,5%. No caso da indústria automobilística isso ocorre de modo sutil. Além de realinhamentos de preços nominais, equipamentos agregam-se aos produtos sem mudanças nos preços sugeridos ou com acréscimos inferiores ao custo.

 

Em termos reais o comprador ganha, mas não é captado pelos institutos de pesquisa.

 

Recuo da inadimplência, em parte consequência da liberação de contas inativas do FGTS recém-concluída, refletirá em liberação de créditos para financiar automóveis neste segundo semestre. A taxa básica de juros (Selic) deverá recuar, no final do ano, para o nível mais baixo de sua história sem artificialismo. Ajudará a baixar juros do crédito ao consumidor.

 

Até o aumento de vendas diretas (frotistas, locadoras e outros) tem aspecto positivo. Mais pessoas procuram automóveis para trabalhar por meio de aplicativos de mobilidade urbana. Pode ocorrer um efeito negativo nas grandes cidades pela diminuição de interessados em manter carro próprio, porém nas de menor porte esse fenômeno deve demorar a surgir.

 

Bancos “puxam” a fila

 

Um exemplo de que o setor automobilístico começa a se reerguer foi o 27º Congresso da Fenabrave (federação dos concessionários) realizado semana passada, em São Paulo. Além do presidente da República, nomes presidenciáveis para 2018 compareceram. Aos discursos de otimismo moderado com a recuperação econômica, apesar de incertezas da crise política, somaram-se anúncios de suportes à comercialização.

 

Um exemplo é a chegada ao Brasil da Kelley Blue Book, plataforma importante em cotações e informações online sobre automóveis dos EUA, aqui em parceria com o site de compra e vendas iCarros.

 

Por sua vez, o Itaú Unibanco anunciou ter desenvolvido uma ferramenta que “exige apenas três cliques para finalizar a simulação de compra e liberar o voucher de crédito”. Todo o processo pode demorar apenas 15 minutos. Segundo Rodnei Bernardino, diretor do banco, os preenchimentos de fichas cadastrais exigiam respostas a até 70 perguntas.

 

Haja vontade de comprar um automóvel…

 

Já o Santander, dono do portal Webmotors, decidiu simplificar a compra e venda entre proprietários de veículos usados. Ampliação desse mercado facilitará a recuperação das vendas de carros novos aos primeiros sinais de volta da confiança e, por consequência, dos empregos.

 

A longa série de lançamentos de modelos mais modernos e econômicos pode ser a centelha decisiva para o motor voltar a pegar depois do inverno. (UOL Carros/Fernando Calmom)