DCI/Agência Estado
O impacto da nova política de preços da gasolina e do diesel praticada pela Petrobras, desde o início de julho, para acompanhar de forma mais ágil as oscilações do preço do petróleo no mercado internacional, vai demorar a se refletir nos resultados da companhia.
“Vamos perceber o efeito lá na frente”, disse o gerente executivo da área industrial da Petrobras, Claudio Schlosser, durante teleconferência com a analistas, nesta sexta-feira. “Estamos em plena implementação [da política]”, acrescentou. Pelo novo sistema, as modificações podem ser até mesmo diárias.
A retração da demanda doméstica refletiu na produção e na venda de derivados de petróleo no primeiro semestre, com ambos recuando 7% sobre um ano antes. Segundo a empresa, essa retração, junto com a diminuição das margens de comercialização – influenciadas pela valorização do petróleo tipo Brent e de óleos nacionais – reduziu o lucro bruto da área de abastecimento, em 49% no Brasil para R$ 14,017 bilhões.
Vendas
Durante a teleconferência, a Petrobras destacou que pretende acelerar o processo de venda de ativos entre julho e dezembro deste ano, confirmando a meta de atingir um patamar de US$ 21 bilhões em desinvestimentos, entre 2017 e 2018.
“Teremos uma atividade mais intensa no segundo semestre de venda de ativos”, afirmou o diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da petroleira Ivan Monteiro, acrescentando que a empresa busca se capitalizar também por meio da abertura de capital na bolsa (IPO, na sigla em inglês) da BR Distribuidora.
O executivo pontuou que entre os ativos à venda estão gasodutos, localizados na região Nordeste, entre outros considerados não essenciais, tais como operações petroquímicas e de biocombustíveis. Segundo ele, as alterações no ambiente regulatório, para dar mais competitividade aos futuros leilões de óleo e gás, serão benéficas para a empresa. Nesse sentido, a empresa pretende ofertar 33 campos de petróleo no Brasil.
A venda de ativos é essencial para a redução do endividamento da companhia, que encerrou junho deste ano com uma dívida líquida de R$ 295,3 bilhões, ante R$ 332,4 bilhões de um ano antes – queda de 11,1%. Em dólares, a dívida líquida atingiu, ao final do segundo trimestre, o total de US$ 89,3 bilhões, ante US$ 103,6 bilhões na comparação anual, representando uma retração de 13,8%.
Outra frente que a Petrobras vem apostando é na melhora do perfil do endividamento, que atingiu um custo de 6,1% ao ano, no segundo trimestre deste ano, ante 6,3% ao ano, no mesmo período de 2016.
A empresa também elevou a previsão de captação de recursos neste ano com o objetivo de reduzir os volumes de vencimentos de dívidas em 2018, 2019 e 2020. Essa antecipação ocorre pela expectativa que em 2018, em meio às eleições presidenciais, o ambiente seja menos favorável. (DCI/Agência Estado/Rodrigo Petry)