Maior assistência nos carros pode deixar motoristas mais perigosos

Jornal do Carro

 

Se o seu carro pode frear sozinho ou detectar pontos cegos, isso pode fazer de você um motorista pior? Os fabricantes de veículos acreditam que sim. Os sistemas de assistência que mantêm os carros em trajetória retilínea ou com distância segura do veículo da frente têm migrado dos modelos luxuosos para os mais acessíveis. Estes auxílios, no entanto, têm melhorado a segurança a bordo, mas podem prejudicar a habilidade dos condutores, de acordo com um artigo publicado pela Bloomberg.

 

“Tudo que facilita a condução pode fazer com que os motoristas prestem menos atenção no que estão fazendo”, explica Adrian Lund, presidente do instituto de segurança de trânsito dos Estados Unidos, onde o número de mortes no trânsito pulou 14% nos últimos dois anos, com mais de 40 mil pessoas mortas em colisões em 2016.

 

Não só congestionamentos e altas velocidades têm sido o inimigo, mas a distração também tem grande responsabilidade. Dados do órgão mostram que escrever mensagens e usar a internet têm sido a principal causa da desatenção. A assistência é criada para compensar a distração atrás do volante, mas, em vez disso, tem deixado que os motoristas se acomodem na condução.

 

A indústria tem recorrido para minimizar os efeitos colaterais destas tecnologias. A GM, por exemplo, instalou sistemas que monitoram a visão dos motoristas em alguns modelos da Cadillac, o que permite tirar as mãos do volante, mas não os olhos da estrada. Já a Nissan tem equipado veículos com uma tecnologia que pode fazer o carro parar caso o condutor fique mais de 30 segundos com os pneus sem aderência total.

 

Os consumidores reconhecem os perigos de perder o controle. De acordo com uma pesquisa conduzida pela Bloomberg, 57% entre 847 visitantes do site automotivo Kelly Blue Book acreditam que este tipo de auxílio pode debilitar a habilidade ao volante. “Sem dúvidas, a tecnologia está tornando os motoristas mais preguiçosos e menos atenciosos”, diz Mike Harley, editor do site.

 

Segundo um estudo feito pela Michigan University, os sistemas de aviso de mudança de faixa, que deveriam ser usados apenas em casos específicos, têm feito com que motoristas não olhem por cima dos ombros para fazer a manobra, por exemplo. “Quanto mais as pessoas são expostas a estes sistemas, mais elas confiam em tecnologia e menos em si mesmas”, diz Shan Bao, que conduziu a análise. (Jornal do Carro)