Carro autônomo: terá sido um bom negócio para os investidores?

Diário do Transporte

 

A corrida para superar os desafios de engenharia de um carro autoguiado parece ter encontrado um obstáculo: seu alto grau de investimento.

 

A complexa tecnologia em torno da criação de um carro que dirige sozinho encarece, e muito, sua produção. Trata-se de um sistema de lasers e pequenas câmeras que memorizam um determinado percurso, para que, depois, o veículo seja capaz de conduzir por conta própria. Além de mapear os caminhos com imagens em 3D, sensores também analisam o percurso em tempo real para identificar objetos não familiares, como pedestres e carros estacionados.

 

Tamanha revolução tecnológica no transporte encontra dificuldades devido ao desinteresse das montadoras, que temem não cumprirem suas expectativas de lucro. Além de serem várias as empresas, entre montadoras e grupos de tecnologias, disputando esse mercado. Portanto, difícil de acreditar que existirão inúmeros produtores bem-sucedidos de veículos autoguiados. Alguém, certamente, sairá perdendo.

 

O que está acontecendo é que as grandes empresas estão buscando outras parcerias de peso para não assumirem os riscos sozinhas. A primeira a fazer isso foi a BMW, em 2016, que buscou parceria com a fabricante de chips Intel e com a produtora de câmeras e software Mobileye. Depois foi a vez da Mercedes, que combinou seus esforços aos da fabricante de autopeças Bosch e a Honda, que anunciou estar aberta a alianças. Além da Lyft e da Waymo, unidade de carros autoguiados da Alphabet (dona da Google), que uniram forças em maio.

 

Mas desenvolver tecnologia continua a ser uma necessidade para manter a relevância das montadoras de automóveis. As empresas podem inicialmente até perder dinheiro com esse investimento, como ocorreu com os carros elétricos, mas a tendência é se superar.

 

As transformações no setor do transporte progridem a todo vapor e a façanha do carro sem motorista pode atrasar, mas com certeza chegará. Resta saber quando, e se estaremos vivos para presenciar. Enquanto isso, precisamos resolver problemas mais urgentes de nossa mobilidade, situação que permanece grave em grandes cidades de países como o Brasil. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)