O Estado de S. Paulo
A indústria automobilística brasileira segue em processo de recuperação ancorado, principalmente, nas exportações, que registraram novo recorde, desta vez para o período de janeiro a julho. As vendas externas aumentaram 55,3% em comparação ao mesmo intervalo de 2016, e puxaram a produção, que cresceu 22,4%, permitindo assim uma melhora, ainda que pequena, no uso da capacidade instalada das empresas e estabilidade no nível de emprego.
De janeiro até agora foram exportados 439,6 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, ultrapassando a melhor marca anterior para o período, que foi em 2005, com 420 mil unidades. Aquele ano também foi o melhor para o setor, com 724,1 mil veículos enviados ao exterior. Os fabricantes acreditam que podem superar esse volume ainda neste ano.
Só em julho as exportações somaram 65,7 mil unidades, 42,5% a mais que em igual mês do ano passado. A produção no mês, de 224,8 mil veículos, foi 17,9% superior a de um ano atrás. No ano, um total de 1,488 milhão de veículos deixou as linhas de montagem, ante 1,215 milhão nos sete meses de 2016.
“Estamos caminhando para o melhor ano em exportações, o que reforça a produção no sentido de diminuir a capacidade ociosa (na casa dos 50%), e tem ajudado bastante na balança comercial do País”, disse ontem o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, ao apresentar os dados mensais do setor.
Em valores, as exportações somam quase US$ 8,8 bilhões, 52% acima do valor de 2016.
O mercado interno também está reagindo, mas lentamente, com alta de 3,4% no ano até agora, somando 1,2 milhão de veículos vendidos. No caso das exportações, o grande impulso vem da Argentina, onde a boa fase da economia amplia a demanda por carros. Para lá seguiram 69% das exportações deste ano.
Megale disse que outros países também estão comprando mais do Brasil, como o México – que ficou com 12% do total exportado – e Chile, com 5%. A Colômbia importou 3% do volume e a participação deve aumentar porque o país acaba de assinar acordo comercial com o Brasil.
“No início do ano, 3% dos carros vendidos na Colômbia eram brasileiros e essa participação já está em 5%, mas temos potencial para chegar a 10% ou 15%”, afirmou Megale. Segundo ele, além dos países latino-americanos, as fabricantes brasileiras, especialmente de caminhões, exportam para outros países como Rússia e África do Sul, ainda que em pequenos volumes.
O produto nacional está sendo favorecido por novos acordos automotivos. Também está mais competitivo após novas tecnologias introduzidas em razão de investimentos para atender ao programa Inovar-Auto.
Empregos
As montadoras encerram julho com 125,2 mil funcionários, 276 a mais que no mês anterior, mas ainda com defasagem de 1,7 mil vagas ante um ano atrás. No mês passado, 12 fabricantes de veículos reduziram o quadro de pessoal, enquanto 8 ampliaram.
O setor tem ainda 8.979 empregados no Programa Seguro Emprego (PSE), com jornada e salários reduzidos, e 3.226 com contratos suspensos (lay-off).
Sobre a decisão do Congresso, nesta semana, de não aceitar denúncia contra o presidente Michel Temer, Megale apenas disse que “independente da votação”, o País precisa de estabilidade política para que investidores e consumidores voltem a investir e a comprar. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)