O Estado de S. Paulo
A estabilidade da produção industrial entre maio e junho, revelada pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi bem recebida pelos agentes econômicos. O resultado superou as projeções e permite antever para o setor industrial um terceiro trimestre melhor do que o segundo. O desempenho dos vários segmentos pesquisados ainda é heterogêneo, mas a retomada do consumo das famílias e a redução da inflação e das taxas de juros deverão permitir níveis de atividade mais satisfatórios neste semestre.
Torna-se cada vez mais evidente que foi pequeno o impacto da turbulência política sobre o ritmo da atividade econômica, notou o economista Neil Shearing, da Capital Economics, ouvido pelo serviço noticioso Broadcast da Agência Estado.
Entre junho de 2016 e junho de 2017, houve expansão de 0,5% da produção industrial e a média móvel trimestral apontou alta de 0,8%. O indicador é negativo (–1,9%) na comparação entre os últimos 12 meses até junho e os 12 meses anteriores, mas o ritmo de queda é cada vez menor desde o recuo acentuado de 9,7% registrado em junho de 2016.
Cabe destacar o segmento de bens de capital, que reflete as decisões de investimento e foi um dos mais afetados pela recessão. Agora apresenta indicadores positivos, de 0,3% tanto entre maio e junho como entre junho de 2016 e junho de 2017. Entre os primeiros semestres de 2016 e 2017, o avanço foi de 2,9%.
A retomada da indústria é insatisfatória e influenciada pela fabricação de veículos, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Mas o IBGE nota que outros ramos também avançaram, caso da indústria extrativa (+1,3%), de máquinas e equipamentos (+2,0%) e de bebidas (+1,7%), além de segmentos especializados. A indústria de móveis da Região Sul cresce com a alta das exportações.
Outras pesquisas, elaboradas a partir de diferentes bases de dados, são menos satisfatórias. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) registrou queda de 5,6% no faturamento real entre os primeiros semestres de 2016 e 2017 e o Indicador do Nível de Atividade (INA) da Fiesp apontou leve recuo de 0,7% em igual período.
Ainda assim, predomina a avaliação de que a indústria recupera força, mesmo que os resultados não sugiram uma retomada rápida. (O Estado de S. Paulo)