Crises e mudanças de hábito não vão derrubar produção global de carros

O Estado de S. Paulo

 

Crises em vários países, busca por veículos mais sustentáveis e menor interesse pelo veículo próprio principalmente por parte dos mais jovens não vão levar a um freio na produção mundial de veículos, ao menos nos próximos seis anos.

 

Estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) indica que a produção global de veículos vai crescer em média 3% ao ano até 2023, quando atingirá 112 milhões de unidades. No ano passado foram produzidos 92,3 milhões de automóveis e comerciais leves e a previsão para este ano é de 94,9 milhões.

 

A indústria automobilística mundial ultrapassará pela primeira vez a marca de 100 milhões de veículos produzidos em 2019, um ano depois da previsão inicial da PwC, que esperava o feito para 2018.

 

O acréscimo de 19,7 milhões de veículos nas linhas de montagem mundiais virá basicamente de países em desenvolvimento, que vão ampliar suas produções em 18,6 milhões de unidades, segundo o estudo.

 

Brasil não contribui. As montadoras brasileiras terão participação pequena nessa alta global. Embora a produção da América do Sul (que tem o Brasil como maior produtor) deverá crescer em média 4% ao ano, essa alta vai adicionar, até 2023, cerca de 800 mil automóveis e comerciais leves a mais do que em 2016, quando foram fabricados na região 2,8 milhões de unidades.

 

A região que mais contribuirá com a alta é a Ásia-Pacífico em desenvolvimento – onde se inclui a China –, com produção de 13,2 milhões a mais de automóveis até 2023. A única região que vai retroceder na produção, em 400 mil veículos, é a Ásia-Pacífico desenvolvida, que engloba o Japão.

 

“Apesar de não crescer, essa região terá nível muito bom de utilidade de suas fábricas”, diz Marcelo Cioffi, da PwC Brasil. Ou seja, ao contrário de outras regiões, incluindo a América do Sul, o nível de ociosidade nesses países será muito baixo.

 

Hoje, a indústria global opera com 75% a 80% de ocupação das linhas de montagem, pouco abaixo portanto do índice considerado rentável, que é acima de 85%. Na América do Sul, puxado pelo Brasil, a ociosidade está na casa dos 50%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)